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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

POEMA CONDICIONAL

Se eu tivesse um verso agora
o que poderiam as daninhas
contra mim ou a favos?

Se eu tivesse um verso agora
esta falta de sementes no horizonte,
estes papéis cabisbaixos, estas tontas ruas,
estas pernas quietas e ombros
não me manteriam calada, sem par,
sem tambores para as mãos,
sem eira nem beira. Sem.

O que sinto é um verso sem língua,
a poesia sem boca
que não rima com palavras
e me torce a alma e aprimora os modos
de vir ao chão medos incalculáveis.

Como resolver as dobras? Como espantar os escuros
e destampar o vão da noite para o dia clarear?
Se eu tivesse um verso agora
eu seria as palavras certas que nem lembrei.

Marta Eugênia

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