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sexta-feira, 13 de maio de 2011

A FIGUEIRA SECA

O jornal denuncia as imagens
de um modo cheio de ofensas...
A vida fosse, tosse dando avisos de si.
e eu busco mesmo o gozo
de um gesto novo...
de uma inédita aparição!
Deus põe minhas mãos tão mudas...
Nenhum verso,
nenhum outono em palavras.
O certo é sem frutas sujo do nada.
Não fiz trato com ninguém
e o silêncio da rua umedecida
também repousa em meus dedos.
Quem decide o tamanho das coisas?
E eu que já realizei infâncias fascinantes
nas formigas, nos caramujos, nos pequenos voadores,
nos atalhos pro riacho,
não consigo cometer um verso.
A varanda me decide um pensamento
que não serve pra ninguém.
E a página do meu dia querendo estar limpa,
cumprida de minha sina,
como as árvores do fim da rua
se encontrada com a garoa.
Mas despejo o meu olhar inteiro sobre a rua
e colho quieta o semáforo em vermelho.
Marta Eugênia

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