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sexta-feira, 6 de julho de 2012

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Baseado nos dois textos que seguem, elabore um texto dissertativo dentro dos padrões já estabelecidos com o seguinte tema:



TEMA: Brasil e o desenvolvimento sustentável



Os dois textos que seguem são para leitura obrigatória!

HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
A HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS NAÇÕES UNIDAS

1972
Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, juntou as nações industrializadas e em desenvolvimento para delinear os “direitos” da família humana a um ambiente saudável e produtivo. Uma série de reuniões como essa se repetiram, por exemplo, sobre os direitos das pessoas à alimentação adequada, à habitação segura, à água potável, ao acesso aos meios de planejamento familiar, etc. O reconhecimento da revitalização da conexão da humanidade com a Natureza levou à criação de instituições globais no sistema ONU.

1980
Em 1980, A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação Mundial (WCS) que determinou um precursor do conceito de desenvolvimento sustentável. A Estratégia afirmava que a conservação da natureza não pode ser alcançada sem o desenvolvimento para amenizar a pobreza e a miséria de centenas de milhões de pessoas e ainda enfatizava que a interdependência entre conservação e desenvolvimento depende do cuidado com a Terra. A menos que a fertilidade e a produtividade do planeta estejam protegidas, o futuro da humanidade está em risco.

1982
Dez anos depois, na 48ª plenária da Assembléia Geral em 1982, a iniciativa WCS culminou na Carta Mundial da Natureza. A carta afirmou que “a humanidade é parte da natureza depende do funcionamento ininterrupto dos sistemas naturais”.

1983
Em 1983, foi criada a Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) e, em 1984, constituída como um corpo independente pela Assembléia Geral da ONU. A WCED foi convidada a formular “Uma agenda global para a mudança”. Em 1987, em seu relatório Nosso Futuro Comum, a WCED promoveu a compreensão da interdependência global e da relação entre economia e o meio ambiente previamente introduzido pela WCED. O relatório entrelaçou questões sociais, econômicas, culturais ambientais e soluções globais. O relatório afirmou que "o meio ambiente não existe como uma esfera separada das ações, ambições e necessidades humanas e, por isso, não deve ser considerado isoladamente aos seus interesses. O ambiente é o lugar onde todos nós vivemos; e o desenvolvimento é o que todos nós fazemos na tentativa de contribuir para nosso “lar”. Os dois são inseparáveis.

1992
Em junho de 1992, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) foi realizada no Rio de Janeiro e adotou uma agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento no século 21. Agenda 21: Um Programa de Ação para Desenvolvimento Sustentável que contém a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na qual se reconhece o direito de cada nação de buscar progresso social e econômico e atribui aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvolvimento sustentável, e a Afirmação Dos Princípios da Floresta. Acordos também foram selados na Convenção da Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas. Pela primeira vez, a UNCED mobilizou os major groups e legitimou suas participações no processo de desenvolvimento sustentável. Essa participação tem continuado constante até hoje. Pela primeira vez também, o estilo de vida da civilização atual também foi debatida no Princípio 8 da declaração do Rio. A urgência de uma mudança profunda nos modelos de consumo e produção foi reconhecida ampla e expressamente por todos os líderes de Estado. A Agenda 21 reafirmou, ainda, que o desenvolvimento sustentável foi delimitado pela integração dos pilares econômicos, sociais e ambientais.
O espírito da conferência foi traduzido pela expressão "Harmonia com a Natureza", trazido à tona pelo primeiro princípio da Declaração do Rio: "Seres humanos estão no centro da preocupação com o desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza".

1993
Em 1993, a (UNCED) instituiu a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CSD) para acompanhar a implementação da Agenda 21.

1997
Em junho de 1997, a Assembleia Geral dedicou a sua 19ª Sessão Especial (UNGASS-19) para planejar um "Programa para Implementação da Agenda 21".

2002
Em 2002, dez anos após a Declaração do Rio, uma conferência de acompanhamento, a Convenção Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (WSSD) foi convocada em Johanesburgo para renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável. A conferência definiu o Plano de Implementação de Johannesburgo (JPOI) e atribuiu à CSD a tarefa de acompanhar a implementação do desenvolvimento sustentável.

2009     
No dia 24 de dezembro de 2009 a Assembleia Geral da ONU adotou uma Resolução (A/RES/64/236) concordando em realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) em 2012 – também referida como ´Rio+20' ou ´Rio 20'. A Conferência possui três objetivos: garantir a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, avaliar as lacunas de progresso e de execução no cumprimento dos compromissos já assumidos, e abordar desafios novos e emergentes. Os Estados-Membros acordaram sobre os dois seguintes temas para a Conferência: economia verde dentro do contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação de pobreza, e estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Desde a UNCED, desenvolvimento sustentável tornou-se parte do léxico internacional. O conceito tem sido incorporado em muitas declarações da ONU e sua implementação, apesar de complexa, tem sido a vanguarda das instituições e organizações do mundo trabalhando nos setores econômico, social e ambiental. No entanto, todos reconhecem como é difícil atribuir ao pilar ambiental o mesmo reconhecimento dos outros dois pilares, apesar do alerta dos cientistas e da sociedade civil sinalizando a vulnerabilidade e precariedade da Terra desde os anos 60.


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOVOS
RUMOS PARA A HUMANIDADE


Ieda Hortêncio Batista – Licenciada em Ciência Biológica, Mestre em Ciências do Ambiente e doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Docente da Universidade do Estado do Amazonas UEA.  Contato: ibatista@uea.edu.br

Carlossandro Carvalho de Albuquerque Licenciado e Bacharel em Geografia, Mestre em Ciências do Ambiente - UFAM. Docente da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Contato: cscarvalho@uea.edu.br



Artigo publicado na Revista Eletrônica Aboré Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo - Edição 03/2007 com ISSN 1980-6930



INTRODUÇÃO

Efetivar políticas que garantam uma melhor qualidade de vida traduz o sentimento maior da sociedade humana. Independente de cor, credo ou nível de desenvolvimento é legítimo o desejo por alcançar padrões econômicos e sociais mais elevados. O que se constata, todavia, é uma complexidade das definições em torno do que seja, em seu sentido mais amplo, qualidade de vida. A grande questão que se engendra é a perspectiva de crescimento econômico como meta maior para alcance do real bem estar das populações. Seria este o único e exclusivo objetivo sócio-político para efetivar uma melhor qualidade de vida? Como atingir os patamares do desenvolvimento econômico sustentável preconizado por todos? Quais seriam os principais elementos a serem considerados?
Em meio às análises das situações que realçam a magnitude dos problemas enfrentados a nível mundial para estabelecer políticas de desenvolvimento mais justas e equitativas, surgem, com cada vez mais evidências, como importantes componentes: as novas tecnologias, os recursos naturais e o equilíbrio ambiental. A inserção gradual da temática ambiental nas inúmeras discussões em torno do crescimento econômico que já foram propostas e realizadas revela a vigente necessidade de considerar com muita atenção e urgência o sustentáculo da economia mundial que são os referidos recursos e a manutenção de um ambiente sadio e equilibrado.
Nesse contexto, situa-se um dos termos mais mencionados nas últimas décadas: o desenvolvimento sustentável. É imprescindível a inclusão da temática ambiental nos modelos de desenvolvimento que se delineiam na esfera global, entretanto como o fazer, ainda é uma pergunta sem respostas definitivas. São várias as vertentes que surgem a partir dos conceitos que se apresentam para o desenvolvimento com sustentabilidade, muitas interpretações e poucos exemplos efetivos de como implementá-lo. É natural que ainda se perceba certa desconfiança quando se trata da questão. Entretanto, não há como não recorrer a este termo na atualidade. Ele é mais do que fundamental nas discussões que buscam alternativas de crescimento e desenvolvimento econômico em termos mundiais.

A QUESTÃO AMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


A trajetória em que se formulam conceitos e definições em torno do desenvolvimento sustentável mostram claramente a premência de sua efetivação. Os caminhos por qual percorrem as políticas públicas tem sido rediscutidos nas últimas décadas também em função da então necessidade de inserção de novas políticas ambientais, que a priori parecem ser ainda motivos de dúvidas e indefinições constantes.
Não há precedentes que atestem resultados concretos de outros programas políticos nesse sentido nem bases científicas que sejam conclusivas o suficiente para respaldar quaisquer iniciativas quanto aos novos rumos de uma política de desenvolvimento. Como bem situa Godard [...] não é evidente saber quais referências descritivas e funcionais podem receber um valor normativo (1997a, p.116). Neste sentido Ollagnon afirma que a concretização de um padrão de gestão explícita da qualidade dos recursos e dos meios naturais não deve ser vista como algo evidente nas sociedades agro-industriais e urbanizadas de nossos dias (1997, p. 172). É certo que a inexistência de experiências mais duradouras de programas de crescimento econômico sustentável não pode ser a barreira fundamental para as incipientes iniciativas em implementá-los.
É exatamente o desafio do novo e do desconhecido frente a uma realidade onde facilmente se identifica o alto consumo dos recursos naturais e também quadros crescentes de degradação ambiental. Assim, é fator primordial compreender todos os fatores presentes no conceito de desenvolvimento sustentável. Sem este entendimento, é inviável qualquer ação no sentido de implementá-lo.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA BREVE ANÁLISE SOBRE AS ORIGENS DO CONCEITO


O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi introduzido e intensamente difundido a partir de 1987 no relatório Brundtland, sendo este último resultado das análises feitas pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada em 1983 pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Uma das características do relatório Brundtland, o que inclusive o fez ser bem aceito pela comunidade internacional, é o fato de não trazer críticas explícitas à sociedade industrial, e sim estimular o crescimento econômico e a superação da pobreza através do desenvolvimento mesmo nos países ricos. Este em muito contribuiu para impor a referência ao desenvolvimento sustentável como novo elemento semântico da linguagem internacional e como elemento de focalização dos trabalhos dos peritos das organizações internacionais (Hatem apud Godard, 1997a, p.110).
Entretanto, discussões em torno da questão ambiental e de sua relação direta com a política de crescimento econômico remontam há bem mais de duas décadas. São inúmeros os trabalhos preexistentes sobre as relações entre meio ambiente e crescimento ou meio ambiente e economia (Godard, 1997a, p.110). Estudos sobre desenvolvimento começam a se delinear a partir de 1950. Na realidade a década de 50 foi denominada como a Primeira década das Nações Unidas para o desenvolvimento. As expectativas eram então de que houvesse maior cooperação internacional com transferência de tecnologia que pudesse diminuir as disparidades entre os países pobres e ricos. O que se observou, no entanto, foi uma maior dependência econômica, acentuando os desníveis de desenvolvimento entre as nações. A partir de 1960, começa a ter destaque a questão ambiental, com a crescente preocupação da comunidade internacional com os limites do crescimento econômico, evocando discussões sobre os riscos da degradação ambiental e suas graves conseqüências para a qualidade de vida das populações. A intensidade dessas discussões provocou a promoção pela ONU em 1972 da Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo.
No mesmo ano houve a publicação do estudo Limites do Crescimento pelo Clube de Roma que afirmava em suas conclusões a insustentabilidade dos níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais com vistas aos limites da capacidade de suporte do planeta para os avanços industriais. As reações foram imediatas, seja por parte dos intelectuais dos países industrializados seja pelos países subdesenvolvidos. Estes últimos principalmente preocupados com a iminente interrupção de seu processo de desenvolvimento pelos países ricos que poderiam então utilizar a nova justificativa ecológica.
Entre outras contribuições para o conceito de desenvolvimento sustentável destacamse os debates em torno do ecodesenvolvimento, termo abordado pela primeira vez em 1973. A conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, atestou o crescente interesse pela relação entre desenvolvimento socioeconômico e meio ambiente.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável que mais teve difusão é sem dúvida o descrito no relatório Brundtland como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. Assis assim aborda o tema:


Desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura. Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual se apóia a idéia de desenvolvimento sustentável (2000, p. 59).


Apesar das inúmeras discussões realizadas em torno dos conceitos de desenvolvimento sustentável, e da simples e de fácil assimilação de sua definição mais difundida, ainda não se tem uma compreensão total e exata de sua aplicabilidade. É como afirma Godard: Há algo de insólito quando se constata o avanço prático de uma noção ainda tão incerta (1997a, p.109).
Entretanto, é evidente que a incorporação desta nova noção de desenvolvimento nas discussões políticas, econômicas e sociais mundiais reflete a atual tendência das nações, desenvolvidas ou em desenvolvimento, de atentarem com maior interesse e consciência para o fato da imprescindibilidade das questões referentes ao meio ambiente, seja no seu aspecto mais restrito, seja no seu aspecto global.


QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento Sustentável significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente (BINSWANGER, 1997, p. 41). A sustentabilidade abordada neste conceito perpassa obrigatoriamente pela manutenção de condições ideais de vida para os povos de todas as nações. Qualidade de vida é, portanto, a meta principal de todas as ações que buscam conciliar os novos rumos do desenvolvimento com a proteção ambiental.
Muito além de meras preocupações de cunho ecológico, a vertente ambiental que se insere gradativamente nos planos políticos e econômicos de crescimento busca associar aos demais indicadores de qualidade de vida um ambiente saudável e capaz de suportar as demandas de recursos com possibilidades de reconstrução contínua. As alterações de qualidade do meio ambiente vêm tendendo cada vez mais a ser compreendida como alteração da qualidade de vida (Costa, 2001, p.304). No Relatório Brundtland destaca-se que desenvolvimento sem melhoria da qualidade de vida das sociedades não pode ser considerado desenvolvimento. É válido destacar que:

Numa sociedade sustentável o progresso deve ser apreendido pela qualidade de vida (saúde, longevidade, maturidade psicológica, educação, um meio ambiente limpo, espírito de comunidade, lazer gozado de modo inteligente, e assim por diante) e não pelo puro consumo material (Viola in Cavalcanti, 1997, p.28).

Qualidade de vida abrange um amplo espectro de variáveis que inclui inevitavelmente o bem estar social. Este passa pelo acesso aos serviços e bens oriundos do desenvolvimento socioeconômico aos quais todos aspiram e sem dúvida recai sobre a necessidade de um ambiente equilibrado. Há, pois, uma relação direta entre qualidade de vida e desenvolvimento sustentável. Torna-se uma relação “sine qua non”, pois não há como pensar na primeira sem passar pela última.

GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Nas discussões acerca do desenvolvimento sustentável na atualidade é imprescindível a inserção do tema globalização. Este se traduz como a nova ordem econômica e social mundial que vem impor importantes transformações, produzindo uma desconhecida sociedade global, com a intensificação das relações sociais em escala mundial, associando localidades distantes entre si.
A questão que se apresenta por conta desta recente ordem mundial é como a globalização da economia pode influir nos caminhos preconizados para a humanidade a partir da agenda 21 rumo à sustentabilidade.
Em uma sociedade globalizada, os fatos acabam por se tornarem interdependentes. Como destaca Eriksson Na sociedade global, qualquer guerra é uma guerra civil (1997, p.102). Diante desta nova configuração mundial, é com propriedade que se indaga sobre a possibilidade de desenvolvimento econômico com sustentabilidade. A globalização do mercado e a redução do papel do Estado significarão que as pessoas serão forçadas a se organizarem em comunidades solidárias para garantirem o futuro (CARVALHO, 1999). Esta situação implica novos critérios para tornar justa a divisão dos bens. Globalizar, mais do que encurtar as distâncias tem que significar auferir condições igualitárias de vida a todas as pessoas.
O desenvolvimento, na era da globalização, acaba por determinar novas aspirações às diferentes localidades. Como bem destaca Godard que não se pode exigir que cada economia local limite seu desenvolvimento somente às possibilidades de seus recursos locais (1997, p.115).
Todavia, há que se questionar se a real capacidade de suporte do planeta permitirá que o fenômeno da globalização atenue as desigualdades sociais ou, ao contrário, servirá para agravar e eternizar quadros de injustiça econômica e social, frente a uma crescente degradação ambiental.


 O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE
A real implementação de políticas públicas ambientais que promovam efetivamente o desenvolvimento sustentável representa um dos maiores desafios a serem enfrentados por toda a sociedade. Se considerarmos que a degradação ambiental é resultante de um processo social, determinado pelo modo como a sociedade apropria-se dos recursos naturais, observamos que as mudanças necessárias a sustentabilidade só irão ocorrer frente a novos comportamentos e novos processos sociais.

[...] A promoção de uma gestão integrada de recursos naturais e do meio ambiente pode nos levar não só ao questionamento de certas modalidades técnicas de exploração, mas também estimular a busca de transformação das condições sociais que cercam seu exercício (Godard, 1997b, p.209).

É, por conseguinte, um dos mais importantes desafios que se apresentam para a legitimação de políticas públicas: pensar e repensar esta atual modalidade de gestão, que impõe rigor e atenção aos fundamentos que pressupõem a real sustentabilidade.

PROBLEMAS A SEREM ENFRENTADOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO
EFETIVA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Na abordagem das idéias e propostas em torno do desenvolvimento sustentável, cumpre notar as questões que persistem em todas as discussões. São inúmeros elementos que precisam ser constantemente reavaliados para que se tenha noção da dimensão exata do que é e de como implementar o desenvolvimento com sustentabilidade.
O primeiro questionamento deveria ser referente a qual o procedimento ideal, rumo a sustentabilidade. Seria adequar os rumos do desenvolvimento econômico à situações que comprovadamente não representem riscos ao ambiente presente e nem futuro (o que vimos não existe na prática até o momento), através do então princípio da precaução ou instaurar programas de crescimento econômico, mesmo com os riscos eminentes ao ambiente, mas que mantenham medidas preventivas e mitigadoras que permitam ao ambiente suas características naturais pelo maior tempo possível?
Segundo Godard Assumir como regra a prevenção absoluta do roteiro do pior levaria a uma paralisia que logo seria intolerável pela população. Então a atitude de precaução não seria mais sustentável. (1997, p.121). É certo que ações baseadas no princípio de precaução revelam uma visão extremista do que seja sustentabilidade. A idéia de sustentabilidade, por sua vez, implica uma limitação definida nas possibilidades de crescimento (Cavalcanti, 1997, p.24). Fearnside assim descreve sobre esta situação:
Uma vez que os limites ao crescimento constrangem a utilização dos recursos renováveis e não-renováveis, as estratégias para o desenvolvimento sustentável devem, a longo prazo, concentrar-se na reorganização da maneira como os recursos são utilizados e de como os benefícios são compartilhados (1997, p.315).
Este, talvez seja um dos maiores impasses relacionados à questão do desenvolvimento: o uso compartilhado dos bens do planeta, incluindo aí os recursos naturais e seus benefícios econômicos, ou seja, a distribuição da renda mundial. O modo de consumo atual não é homogêneo, muito menos justo, aos diferentes países. Os países industrializados do norte são os responsáveis pela maior fatia da produção mundial. Ignacy Sachs apud Godard faz notar
[..].o quanto a degradação do meio ambiente do planeta pode ser imputada ao modo de consumo do Norte; esse modo de consumo não lhe parece de qualquer forma sustentável, posto que ele não pode ser generalizado ao conjunto das populações do planeta; este modo deveria então ser profundamente alterado (1997, p.126)
Estabelecer novos parâmetros de comportamento seria então imprescindível ao preconizado desenvolvimento sustentável. Todavia, mudar paradigmas, não é tarefa das mais fáceis, e nesta situação há que se perceber a real dimensão, considerando que estes novos parâmetros indicam mudanças em todas as estruturas sócio-econômicas. Erickssom destaca nesse sentido que:
Com a atual população do mundo, não é possível alimentar pessoas com métodos pré-agrícolas. A produção industrial também tem aumentado a eficiência em muitas atividades da sociedade a tal ponto que não pode ser revertida. Porém nem a agricultura nem a indústria estão no momento organizadas de maneira sustentável. (1997, p.94).
É possível manter a produção industrial nos níveis atuais e ao mesmo tempo inferir a ela sustentabilidade? Parece utopia, crer em uma resposta afirmativa para essa questão. Contudo, é possível reavaliar as atuais condições de crescimento econômico e impor algumas limitações. O controle das ações desenvolvimentistas públicas e privadas deve ter caráter de rigor e continuidade. De acordo com Proops et al um pré-requisito adicional para uma política ambiental de sucesso é um conjunto de instituições e uma burocracia que funcione, implementando e monitorando as leis (1997, p.111). Sem o qual nada será realmente concreto.
Um outro item de fundamental importância diz respeito a participação ainda ineficiente da sociedade de um modo geral nas decisões políticas em torno de suas especificidades. Afinal como afirma Ericksson uma educação ampla, uma ampla participação nas decisões e uma responsabilidade e coerência social são peças valiosas na transição para uma sociedade sustentável (1997, p.99).
Godard ainda destaca, em relação às barreiras que ainda se fazem presente nas questões relativas ao desenvolvimento sustentável que a referência comum ao desenvolvimento sustentável deveria equilibrar melhor o peso das disciplinas científicas e as argumentações de justificação provenientes de diferentes tradições de pensamento, e facilitar a comunicação entre essas disciplinas . (1997b, p.123)
Um dos grandes desafios enfrentados pela sociedade moderna é, sem dúvida, implementar um desenvolvimento sustentável que busque conjugar os avanços tecnológicos e científicos como ferramentas capazes de produzir bases para uso dos recursos naturais e conservação do meio ambiente de forma duradoura.

PERSPECTIVAS PARA O FUTURO: OS NOVOS RUMOS DA  HUMANIDADE

Desenvolver com sustentabilidade, este é o grande desafio que se impõe para toda a humanidade. Sem exceções, todos os setores da sociedade devem estar imbuídos dessa intenção. No entanto, é mister considerar as atuais especificidades da sociedade industrial, que não podem ser ignoradas e que não mostram vias claras de retrocesso. O homem, por natureza, é um grande agente modificador de seu ambiente. Desta forma, não há como vislumbrar o ambiente sem a ação humana. Certos estudiosos parecem esperar que especialistas das ciências da natureza forneçam indicadores de sustentabilidade tomando como referência o estado dos ecossistemas quando estes escapavam à influência humana... (GODARD, 1997, p.116).
O futuro que ora se vislumbra, é fruto das atitudes que deverão ser elencadas no presente. Não há tempo em demasia para que posições sobre a implementação do desenvolvimento sustentável sejam tomadas. É preciso urgência. Por um lado, sabemos muito pouco sobre a natureza. Por outro lado, não há tempo para se esperar por um conhecimento detalhado sobre a ecologia da nave espacial (BEGOSSI, 1997:67). É preciso mais ainda, são imprescindíveis a coerência e o bom senso para não se utilizarem argumentos e políticas irreais que além de não contribuírem em nada para o avanço da questão, apenas atrapalham e confundem para implementação de um desenvolvimento sustentável. Nas palavras de Weber, encontra-se o que realmente deve ser a intenção de toda a sociedade:
Nossa esperança é contribuir mesmo que seja em proporção mínima, para a elaboração de cenários de desenvolvimento viável, capazes de assumir mais efetivamente o respeito pelos modos de vida pelos ecossistemas e de autorizar elevações dos níveis de renda, implicando um mínimo de irreversibilidade (1997, p.141).
As perspectivas que se instauram na sociedade de modo geral, indubitavelmente, contemplam a visualização de modos de vida com bases sustentáveis. Isto se traduz no avanço de uma nova consciência ambiental, que poderá ser fator decisivo para a implementação nas próximas décadas de programas de desenvolvimento econômico, se não totalmente, mas em sua maior parte, sustentáveis.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das diversas abordagens em torno desta tão premente questão que é o desenvolvimento sustentável, nos inquieta e desafia a seguinte pergunta; é possível tornar compatível e em que grau, o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente? Ou seja, é possível o desenvolvimento sustentável?
A despeito de que desenvolvimento sustentável seja algo essencialmente utópico, ou apenas um ideário, os novos rumos que a humanidade deve necessariamente percorrer têm que contemplar novas visões e quebrar paradigmas. A sociedade global tem que estar atenta ao foco de maior importância de todas as suas esferas: a qualidade de vida do ser humano. Se desenvolver com sustentabilidade é algo que nos parece irreal, é sempre importante lembrar que para transformar essa utopia em realidade será preciso superar a visão de desenvolvimento a partir de um espaço a ser ocupado e entendê-lo como possibilidade de construção sustentável.
Os problemas que se destacam na análise global do tema desenvolvimento sustentável, referidos no presente trabalho podem ser sintetizados dentro dos seguintes aspectos: falta de uma política voltada a manutenção da produção industrial de caráter sustentável com os recursos naturais existentes, o estabelecimento de uma gestão participativa nas decisões públicas e privadas de interesse social e econômica, o estabelecimento de princípios educacionais voltado ao desenvolvimento sustentável e a conjunção dos avanços científicos e tecnológicos como instrumentos da sustentabilidade.
Uma maior reflexão no sentido de considerar estes aspectos como imprescindíveis à sustentabilidade pode vir a representar o caminho para se chegar a uma nova política de desenvolvimento.

As ondas perdem todos os dias para o rochedo, porém a longo prazo elas vencem o rochedo (CARVALHO, 1999)

BIBLIOGRAFIA

ASSIS, José. 21: Uma Nova Ética para o Desenvolvimento. São Paulo, 3ª Edição. 2000.

BEGOSSI, Alpina. (Org.) Escalas, economia ecológica e a conservação da biodiversidade.
In: Clóvis Cavalcanti. Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas
São Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

BINSWAHGER, Hans Christoph. Fazendo a sustentabilidade funcionar. In: Clóvis
Cavalcanti. Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas São Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

CARVALHO, David Ferreira. Publicação do Núcleo de altos Estudos Amazônicos da UFPA Cadernos NAEA, Volume 2, Número 1 Globalização Econômica, Políticas Públicas e Exclusão Social Junho de 1999.

CAVALCANTI, Clóvis. Política de governo para o desenvolvimento sustentável: uma introdução ao tema e a esta obra coletiva. In: Clóvis Cavalcanti (Org.) Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. São Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

COSTA, Francisco de Assis. Diversidade biológica e cultural da Amazônia / Organizadora
Ima Célia Guimarães Vieira...{et al}. As ciências, o uso de recursos naturais na Amazônia e a noção de desenvolvimento sustentável: por uma interdisciplinaridade ampla. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2001.

ERIKSSON, Karl-Erik. Ciência para o desenvolvimento sustentável. In: Clóvis Cavalcanti (Org.) Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas - São Paulo: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

FEARSINDE, Philip M. Serviços ambientais como estratégia para o desenvolvimento sustentável na Amazônia rural. In: Clóvis Cavalcante (Org.) Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas São Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

GODARD, Olivier. A gestão integrada dos recursos naturais e do meio ambiente: conceitos, instituições e desafios de legitimação- In: Paulo Freire Vieira e Jacques Weber (Org.) tradução: Anne Sophie de Pontbriand Vieira, Christilla de Lassus.- Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1997a.

GODARD, Olivier. O desenvolvimento sustentável: paisagem intelectual. In: Edna Castro, Florence Pinton (Org.) Faces do Trópico Úmido: conceitos e novas questões sobre desenvolvimento e meio ambiente. - Belém:Cejup: UFPA-NAEA, 1997b.

OLLAGNON, Henry. Estratégia patrimonial para a gestão dos recursos e dos meios naturais: enfoque integrado da gestão do meio rural In: Paulo Freire Vieira e Jacques Weber (Org.) - tradução: Anne Sophie de Pontbriand Vieira, Christilla de Lassus.- Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1997.

PROOPS, John et al. Realizando um mundo sustentável e o papel do sistema político na consecução de uma economia sustentável. In: Clóvis Cavalcanti (Org.) Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas São Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

WEBER, Jacques. Gestão de recursos renováveis: fundamentos teóricos de um programa de pesquisas- In: Paulo Freire Vieira e Jacques Weber (Org.) tradução: Anne Sophie de Pontbriand Vieira, Christilla de Lassus.- Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1997.



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DATA DE ENTREGA DAS PRODUÇÕES PARA 3º "A", 3º "C"  e 3º "D": DIA 13/078/2012 e

PARA O 3º "B" DIA 14/07/2012 


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