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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O DIA DA CAÇA

Porque o mundo se oferece em línguas,
eu fico assim... enraizada de mar profundo,
a parte de dentro latente, os olhos compromissados de estrelas
pra dentro e pra fora.
Era apenas o estalar da fogueira que nos aquecia
naquela noite?
Não era somente o meu pai na varanda
fumando o cigarro e a paciência do mundo.
Nem tampouco minha avó ungindo o cabelo
e deixando inusitado o mesmo penteado das cinco.
Era o saco de minhas coisas expandindo-se:
“veja moça, que belo baú”, me disse o homem da feira,
logo pela manhã
nasceu instantes depois a mulher que me ofereceu acerolas:
tão vermelhas, tão pequenas e tão cheias de potencial!
Têm muque pra várias laranjas
Deus, como é invencível a vida! Como essa guerra cheira a ti.
veja quanta proteína pra sustentar a poesia.
Como a vida me rói, me põe indômita.
A poesia me caça com seu franco atirador.

Marta Eugênia

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