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domingo, 3 de abril de 2011

EDITORIAIS - O QUE É, COMO SE FAZ

EDITORIAIS
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com uma borda ou tipografia diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo.
O profissional da redaçao encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista.
Na chamada "grande imprensa", os editoriais são apócrifos — isto é, nunca são assinados por ninguém em particular.
A opinião de um veículo, entretanto, não é expressada exclusivamente nos editoriais, mas também na forma como organiza os assuntos publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a cada um (no processo de Edição jornalística). Em casos em que as próprias matérias do jornal são imbuídas de uma carga opinativa forte, mas não chegam a ser separados como editoriais, diz-se que é Jornalismo de Opinião.



EXEMPLO DE EDITORIAIS




PÃO E CIRCO, COM CHEIRO DE MOFO


Pão e circo bastam, diziam os filósofos gregos, para acalmar o povo em fúria. A fúria já não é mais a mesma, mas a fórmula continua inalterada, o pão e o circo ecoam pelos séculos e séculos, como a tradicional maneira de se adestrar a população, da Grécia ou de Urussanga, indiferentemente.
Se o pecado é pela carne fraca, o que dizer do esquecimento, que mutila toda a forma de nos organizar em sociedade? Quantos urussanguenses, os urussanga-natos, sabem dizer quantos anos a “terra do bom vinho” está completando. A verdade (ou o pecado) é que mais uma festa está chegando, e por total falta de opção para uma noite fria de sábado, o povo vai procurar pão e circo no Parque.
A nossa raiz italiana faz aniversário a cada dois anos, quando a Ritorno Alle Origini aparece. Quem quer lembrar dos rotos imigrantes italianos, que enganados na Itália e enganados quando chegaram aqui, tiveram que abrir no meio do nada, uma cidade como Urussanga. A rotina moderna mata sufocado o passado na poeira espessa do dia-a-dia e, na hora de lembrar daquele passado que nos construiu, o pão e circo falam mais alto.
A cultura italiana, aquela que foi trazida nos baús dos imigrantes, não pode ser alimentada com um prato de polenta com fortaia, uma vez a cada dois anos. Esta cultura deve ser cuidada dentro dos corações dos urussanguenses, ano após ano, para que no futuro, no nosso futuro, tenhamos ao menos um motivo para nos reunir e festejar o passado.
A cultura italiana, aquela de corpo e alma, não sobrevive somente na boa vontade de um punhado de empresários. A verdadeira cultura dos imigrantes está na face rosada dos agricultores no interior, nas casas demolidas pelo progresso que ficavam no Centro da cidade, está, enfim, na esperança de que alguém vá lembrar dos colonos maltrapilhos de 1878, não só em maio, no parque, mas para sempre.
A comissão organizadora da Ritorno Alle Origini, que tem de se desdobrar para dar pão e circo de qualidade, precisa se preocupar em contentar a todos os olhos e bocas. Tanto que, neste ano, abriu espaço para bandas que não cantam músicas típicas, mas convidam e abrem caminho para que os jovens, de hoje, lembrem amanhã de que um dia se festejava a cultura da mãe Itália.
Pão e circo, de quinta a domingo, para que o povo se esqueça da rotina. E, assim, na próxima segunda, a normalidade sepulta nossas raízes italianas no baú, e esperaremos para vesti-la daqui a dois anos. Pão e circo, com cheiro de mofo.


PRESERVAÇÃO AMBIENTAL


A mobilização das comunidades de Morro da Palha e Itanema, de Lauro Müller, em torno da preservação da área de 400 hectares conhecida como Mato Lage reflete uma importante preocupação com a questão ambiental, desde que esteja realmente desvinculada de interesses políticos.
A matéria publicada na editoria “Especial”, desta edição do Jornal Vanguarda, tenta mostrar todo o engajamento dos moradores em defender a “Nossa Amazônia”, como costumam chamar àquele terreno. Do mesmo modo, dá espaço à Fatma, órgão fiscalizador, e aos proprietários da área que refutam as acusações de desmatamento irresponsável no local. O objetivo é mostrar os fatos, com uma ampla abordagem dos dois lados envolvidos.
É essencial que os moradores de Urussanga e Lauro Müller, municípios já bastante devastados pela exploração do carvão, que deixou um passivo ambiental cuja reversão é muito difícil, percebam a necessidade de preservação ambiental. Por outro lado, é extremamente ingênuo pensar que o desenvolvimento econômico não implique impacto sobre o Meio Ambiente. Toda e qualquer ação humana tem reflexo sobre a natureza. E neste caso do projeto de reflorestamento não será diferente.
A questão causou polêmica por se tratar de uma área bastante extensa (praticamente 400 campos oficiais de futebol), mas inúmeras ações cotidianas representam degradação do Meio Ambiente: lixo nos rios e falta de tratamento do esgoto são exemplos bem próximos.
O movimento dos moradores encontra entraves dentro da própria comunidade, mas está ganhando força. Os líderes estão reunindo documentos e imagens para dar embasamento a causa, “uma briga grande”, segundo uma moradora.
Uma sugestão, ao invés de combater força políticas e empresariais – que, nos registros gerais, normalmente se sobressaem – seria a fiscalização do projeto desenvolvido e que deve ser aprovado pela Fatma. Utilizar a mesma força do movimento para observar todos os detalhes do processo e exigir compromisso ambiental, talvez fosse um caminho viável a ser seguido pela comunidade.



JUSTIÇA NO ATACADO, INJUSTIÇA NO VAREJO

O principal fato da semana,  a liminar deferida em favor da assessora do PSDB pode ser estudado sob dois prismas: o jurídico e o político.
Em relação à discussão no campo das leis, observa-se nesse caso um exemplo claro de um jargão muito utilizado pelos operadores do direito, o da justiça no atacado e a injustiça no varejo.
A decisão determinando a reintegração da assessora aos quadros da Câmara de Vereadores teve por base, dentre outros argumentos, o princípio da isonomia que é um dos pilares do próprio estado democrático de direito. Segundo ele, não podem duas pessoas em idêntica situação receber tratamento diferenciado. Daí porque esse direito é assegurado na própria constituição do país, como norma que vincula as autoridades públicas.
Por essa razão, em linhas gerais, entendeu o Poder Judiciário que o PSDB não poderia receber tratamento diferenciado em relação a outros partidos cujos assessores foram mantidos.
Mas, no caso em pauta, a aplicação concreta (no varejo) desse princípio (estabelecido no atacado por necessidade de justiça) se consubstanciou numa situação contraditória. Reconhecido o direito do PSDB a receber tratamento igualitário em relação aos demais partidos, a Câmara Municipal vê seus quadros novamente inchados, gerando uma despesa extra para os contribuintes com o pagamento do salário de uma assessoria que raramente é vista efetivamente trabalhando em sessões ou reuniões de comissões. Afinal de contas, a assessoria existe e é remunerada para auxiliar nas atividades legislativas, e não para desenvolver atividades partidárias ou eleitoreiras. Temos, então, a justiça no atacado e a injustiça no varejo, pois não poderia o Poder Judiciário se eximir da aplicação do princípio da isonomia na situação em comento.
Já no aspecto político, a liminar é o castigo que o presidente da câmara, Luiz Henrique Martins (Cuíca), está pagando por sua precipitação. Na época da exoneração dos assessores, Vanguarda alertou em suas páginas que a medida era mais do que correta, mas havia sido tomada de forma afoita. Embora moralizadora e visando a economia para os cofres públicos, deveria ter sido melhor estudada, e até mesmo negociada politicamente.
Agora, só resta a Cuíca assimilar as lições deste revés e, acima de tudo, rever algumas de suas posturas se for sua pretensão ir adiante com sua carreira política pois, numa comparação genérica, ela está muito mais para um esporte coletivo que para uma disputa individual. Sozinho, em política, é muito difícil prosseguir na caminhada.

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