Baseado nos dois
textos que seguem, elabore um texto dissertativo dentro dos padrões já
estabelecidos com o seguinte tema:
TEMA: Brasil e o
desenvolvimento sustentável
Os dois textos que seguem são para leitura obrigatória!
HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS
NAÇÕES UNIDAS
1972
Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, juntou as nações industrializadas e em
desenvolvimento para delinear os “direitos” da família humana a um ambiente
saudável e produtivo. Uma série de reuniões como essa se repetiram, por
exemplo, sobre os direitos das pessoas à alimentação adequada, à habitação
segura, à água potável, ao acesso aos meios de planejamento familiar, etc. O
reconhecimento da revitalização da conexão da humanidade com a Natureza levou à
criação de instituições globais no sistema ONU.
1980
Em 1980, A União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação
Mundial (WCS) que determinou um precursor do conceito de desenvolvimento
sustentável. A Estratégia afirmava que a conservação da natureza não pode ser
alcançada sem o desenvolvimento para amenizar a pobreza e a miséria de centenas
de milhões de pessoas e ainda enfatizava que a interdependência entre
conservação e desenvolvimento depende do cuidado com a Terra. A menos que a
fertilidade e a produtividade do planeta estejam protegidas, o futuro da
humanidade está em risco.
1982
Dez anos depois, na 48ª plenária da Assembléia
Geral em 1982, a iniciativa WCS culminou na Carta Mundial da Natureza. A carta
afirmou que “a humanidade é parte da natureza depende do funcionamento
ininterrupto dos sistemas naturais”.
1983
Em 1983, foi criada a Comissão sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (WCED) e, em 1984, constituída como um corpo independente
pela Assembléia Geral da ONU. A WCED foi convidada a formular “Uma agenda
global para a mudança”. Em 1987, em seu relatório Nosso Futuro Comum, a WCED
promoveu a compreensão da interdependência global e da relação entre economia e
o meio ambiente previamente introduzido pela WCED. O relatório entrelaçou
questões sociais, econômicas, culturais ambientais e soluções globais. O
relatório afirmou que "o meio ambiente não existe como uma esfera separada
das ações, ambições e necessidades humanas e, por isso, não deve ser
considerado isoladamente aos seus interesses. O ambiente é o lugar onde todos
nós vivemos; e o desenvolvimento é o que todos nós fazemos na tentativa de
contribuir para nosso “lar”. Os dois são inseparáveis.
1992
Em junho de 1992, a primeira Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) foi realizada no Rio de
Janeiro e adotou uma agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento no século
21. Agenda 21: Um Programa de Ação para Desenvolvimento Sustentável que contém
a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na qual se
reconhece o direito de cada nação de buscar progresso social e econômico e
atribui aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvolvimento
sustentável, e a Afirmação Dos Princípios da Floresta. Acordos também foram
selados na Convenção da Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro sobre Mudanças
Climáticas. Pela primeira vez, a UNCED mobilizou os major groups e legitimou
suas participações no processo de desenvolvimento sustentável. Essa
participação tem continuado constante até hoje. Pela primeira vez também, o
estilo de vida da civilização atual também foi debatida no Princípio 8 da
declaração do Rio. A urgência de uma mudança profunda nos modelos de consumo e
produção foi reconhecida ampla e expressamente por todos os líderes de Estado.
A Agenda 21 reafirmou, ainda, que o desenvolvimento sustentável foi delimitado
pela integração dos pilares econômicos, sociais e ambientais.
O espírito da conferência foi traduzido pela
expressão "Harmonia com a Natureza", trazido à tona pelo primeiro
princípio da Declaração do Rio: "Seres humanos estão no centro da
preocupação com o desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida
saudável e produtiva em harmonia com a natureza".
1993
Em 1993, a (UNCED) instituiu a Comissão para o
Desenvolvimento Sustentável (CSD) para acompanhar a implementação da Agenda 21.
1997
Em junho de 1997, a Assembleia Geral dedicou a sua
19ª Sessão Especial (UNGASS-19) para planejar um "Programa para
Implementação da Agenda 21".
2002
Em 2002, dez anos após a Declaração do Rio, uma
conferência de acompanhamento, a Convenção Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável (WSSD) foi convocada em Johanesburgo para renovar o compromisso com
o desenvolvimento sustentável. A conferência definiu o Plano de Implementação
de Johannesburgo (JPOI) e atribuiu à CSD a tarefa de acompanhar a implementação
do desenvolvimento sustentável.
2009
No dia 24 de dezembro de 2009 a Assembleia Geral da
ONU adotou uma Resolução (A/RES/64/236)
concordando em realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (UNCSD) em 2012 – também referida como ´Rio+20' ou ´Rio 20'. A
Conferência possui três objetivos: garantir a renovação do compromisso político
com o desenvolvimento sustentável, avaliar as lacunas de progresso e de
execução no cumprimento dos compromissos já assumidos, e abordar desafios novos
e emergentes. Os Estados-Membros acordaram sobre os dois seguintes temas para a
Conferência: economia verde dentro do contexto do desenvolvimento sustentável e
erradicação de pobreza, e estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável.
Desde a UNCED, desenvolvimento sustentável
tornou-se parte do léxico internacional. O conceito tem sido incorporado em
muitas declarações da ONU e sua implementação, apesar de complexa, tem sido a
vanguarda das instituições e organizações do mundo trabalhando nos setores
econômico, social e ambiental. No entanto, todos reconhecem como é difícil
atribuir ao pilar ambiental o mesmo reconhecimento dos outros dois pilares,
apesar do alerta dos cientistas e da sociedade civil sinalizando a
vulnerabilidade e precariedade da Terra desde os anos 60.
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: NOVOS
RUMOS PARA A
HUMANIDADE
Ieda Hortêncio Batista – Licenciada em
Ciência Biológica, Mestre em Ciências do Ambiente e doutoranda em Biotecnologia
pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Docente da Universidade do Estado
do Amazonas UEA. Contato: ibatista@uea.edu.br
Carlossandro Carvalho de
Albuquerque – Licenciado e Bacharel em Geografia, Mestre em
Ciências do Ambiente - UFAM. Docente da Universidade do Estado do Amazonas -
UEA. Contato: cscarvalho@uea.edu.br
Artigo publicado na Revista Eletrônica Aboré Publicação da
Escola Superior de Artes e Turismo - Edição 03/2007 com ISSN 1980-6930
INTRODUÇÃO
Efetivar políticas que
garantam uma melhor qualidade de vida traduz o sentimento maior da sociedade
humana. Independente de cor, credo ou nível de desenvolvimento é legítimo o
desejo por alcançar padrões econômicos e sociais mais elevados. O que se
constata, todavia, é uma complexidade das definições em torno do que seja, em
seu sentido mais amplo, qualidade de vida. A grande questão que se engendra é a
perspectiva de crescimento econômico como meta maior para alcance do real bem
estar das populações. Seria este o único e exclusivo objetivo sócio-político
para efetivar uma melhor qualidade de vida? Como atingir os patamares do
desenvolvimento econômico sustentável preconizado por todos? Quais seriam os
principais elementos a serem considerados?
Em meio às análises das
situações que realçam a magnitude dos problemas enfrentados a nível mundial
para estabelecer políticas de desenvolvimento mais justas e equitativas,
surgem, com cada vez mais evidências, como importantes componentes: as novas
tecnologias, os recursos naturais e o equilíbrio ambiental. A inserção gradual
da temática ambiental nas inúmeras discussões em torno do crescimento econômico
que já foram propostas e realizadas revela a vigente necessidade de considerar
com muita atenção e urgência o sustentáculo da economia mundial que são os
referidos recursos e a manutenção de um ambiente sadio e equilibrado.
Nesse contexto, situa-se um
dos termos mais mencionados nas últimas décadas: o desenvolvimento sustentável.
É imprescindível a inclusão da temática ambiental nos modelos de
desenvolvimento que se delineiam na esfera global, entretanto como o fazer,
ainda é uma pergunta sem respostas definitivas. São várias as vertentes que
surgem a partir dos conceitos que se apresentam para o desenvolvimento com
sustentabilidade, muitas interpretações e poucos exemplos efetivos de como
implementá-lo. É natural que ainda se perceba certa desconfiança quando se
trata da questão. Entretanto, não há como não recorrer a este termo na
atualidade. Ele é mais do que fundamental nas discussões que buscam
alternativas de crescimento e desenvolvimento econômico em termos mundiais.
A QUESTÃO AMBIENTAL E O
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A trajetória em que se
formulam conceitos e definições em torno do desenvolvimento sustentável mostram
claramente a premência de sua efetivação. Os caminhos por qual percorrem as
políticas públicas tem sido rediscutidos nas últimas décadas também em função
da então necessidade de inserção de novas políticas ambientais, que a priori
parecem ser ainda motivos de dúvidas e indefinições constantes.
Não há precedentes que atestem
resultados concretos de outros programas políticos nesse sentido nem bases
científicas que sejam conclusivas o suficiente para respaldar quaisquer
iniciativas quanto aos novos rumos de uma política de desenvolvimento. Como bem
situa Godard [...] não é evidente saber quais referências descritivas e
funcionais podem receber um valor normativo (1997a, p.116). Neste sentido
Ollagnon afirma que a concretização de um padrão de gestão explícita da
qualidade dos recursos e dos meios naturais não deve ser vista como algo
evidente nas sociedades agro-industriais e urbanizadas de nossos dias (1997, p.
172). É certo que a inexistência de experiências mais duradouras de programas
de crescimento econômico sustentável não pode ser a barreira fundamental para
as incipientes iniciativas em implementá-los.
É exatamente o desafio do novo
e do desconhecido frente a uma realidade onde facilmente se identifica o alto
consumo dos recursos naturais e também quadros crescentes de degradação
ambiental. Assim, é fator primordial compreender todos os fatores presentes no
conceito de desenvolvimento sustentável. Sem este entendimento, é inviável
qualquer ação no sentido de implementá-lo.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
UMA BREVE ANÁLISE SOBRE AS ORIGENS DO CONCEITO
O conceito de Desenvolvimento
Sustentável foi introduzido e intensamente difundido a partir de 1987 no
relatório Brundtland, sendo este último resultado das análises feitas pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada em 1983 pela
Assembléia Geral das Nações Unidas. Uma das características do relatório
Brundtland, o que inclusive o fez ser bem aceito pela comunidade internacional,
é o fato de não trazer críticas explícitas à sociedade industrial, e sim
estimular o crescimento econômico e a superação da pobreza através do
desenvolvimento mesmo nos países ricos. Este em muito contribuiu para impor a
referência ao desenvolvimento sustentável como novo elemento semântico da
linguagem internacional e como elemento de focalização dos trabalhos dos
peritos das organizações internacionais (Hatem apud Godard, 1997a,
p.110).
Entretanto, discussões em
torno da questão ambiental e de sua relação direta com a política de crescimento
econômico remontam há bem mais de duas décadas. São inúmeros os trabalhos
preexistentes sobre as relações entre meio ambiente e crescimento ou meio
ambiente e economia (Godard, 1997a, p.110). Estudos sobre desenvolvimento
começam a se delinear a partir de 1950. Na realidade a década de 50 foi
denominada como a Primeira década das Nações Unidas para o desenvolvimento. As
expectativas eram então de que houvesse maior cooperação internacional com
transferência de tecnologia que pudesse diminuir as disparidades entre os
países pobres e ricos. O que se observou, no entanto, foi uma maior dependência
econômica, acentuando os desníveis de desenvolvimento entre as nações. A partir
de 1960, começa a ter destaque a questão ambiental, com a crescente preocupação
da comunidade internacional com os limites do crescimento econômico, evocando
discussões sobre os riscos da degradação ambiental e suas graves conseqüências
para a qualidade de vida das populações. A intensidade dessas discussões
provocou a promoção pela ONU em 1972 da Conferência sobre o Meio Ambiente em
Estocolmo.
No mesmo ano houve a
publicação do estudo Limites do Crescimento pelo Clube de Roma que afirmava em
suas conclusões a insustentabilidade dos níveis de industrialização, poluição,
produção de alimentos e exploração dos recursos naturais com vistas aos limites
da capacidade de suporte do planeta para os avanços industriais. As reações
foram imediatas, seja por parte dos intelectuais dos países industrializados
seja pelos países subdesenvolvidos. Estes últimos principalmente preocupados
com a iminente interrupção de seu processo de desenvolvimento pelos países
ricos que poderiam então utilizar a nova justificativa ecológica.
Entre outras contribuições
para o conceito de desenvolvimento sustentável destacamse os debates em torno
do ecodesenvolvimento, termo abordado pela primeira vez em 1973. A conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de
Janeiro, em 1992, atestou o crescente interesse pela relação entre desenvolvimento
socioeconômico e meio ambiente.
O conceito de Desenvolvimento
Sustentável que mais teve difusão é sem dúvida o descrito no relatório
Brundtland como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades. Assis assim aborda o tema:
Desenvolvimento sustentável se
refere principalmente às conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no
bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura. Atividade econômica, meio
ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual se apóia a
idéia de desenvolvimento sustentável (2000, p. 59).
Apesar das inúmeras discussões
realizadas em torno dos conceitos de desenvolvimento sustentável, e da simples
e de fácil assimilação de sua definição mais difundida, ainda não se tem uma
compreensão total e exata de sua aplicabilidade. É como afirma Godard: Há algo
de insólito quando se constata o avanço prático de uma noção ainda tão incerta (1997a,
p.109).
Entretanto, é evidente que a
incorporação desta nova noção de desenvolvimento nas discussões políticas,
econômicas e sociais mundiais reflete a atual tendência das nações,
desenvolvidas ou em desenvolvimento, de atentarem com maior interesse e
consciência para o fato da imprescindibilidade das questões referentes ao meio
ambiente, seja no seu aspecto mais restrito, seja no seu aspecto global.
QUALIDADE DE VIDA E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento Sustentável
significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico
com a necessidade de se preservar o meio ambiente (BINSWANGER, 1997, p. 41). A
sustentabilidade abordada neste conceito perpassa obrigatoriamente pela
manutenção de condições ideais de vida para os povos de todas as nações.
Qualidade de vida é, portanto, a meta principal de todas as ações que buscam
conciliar os novos rumos do desenvolvimento com a proteção ambiental.
Muito além de meras
preocupações de cunho ecológico, a vertente ambiental que se insere
gradativamente nos planos políticos e econômicos de crescimento busca associar
aos demais indicadores de qualidade de vida um ambiente saudável e capaz de
suportar as demandas de recursos com possibilidades de reconstrução contínua.
As alterações de qualidade do meio ambiente vêm tendendo cada vez mais a ser
compreendida como alteração da qualidade de vida (Costa, 2001, p.304). No
Relatório Brundtland destaca-se que desenvolvimento sem melhoria da qualidade
de vida das sociedades não pode ser considerado desenvolvimento. É válido
destacar que:
Numa sociedade sustentável o
progresso deve ser apreendido pela qualidade de vida (saúde, longevidade,
maturidade psicológica, educação, um meio ambiente limpo, espírito de
comunidade, lazer gozado de modo inteligente, e assim por diante) e não pelo
puro consumo material (Viola in Cavalcanti, 1997, p.28).
Qualidade de vida abrange um
amplo espectro de variáveis que inclui inevitavelmente o bem estar social. Este
passa pelo acesso aos serviços e bens oriundos do desenvolvimento
socioeconômico aos quais todos aspiram e sem dúvida recai sobre a necessidade
de um ambiente equilibrado. Há, pois, uma relação direta entre qualidade de
vida e desenvolvimento sustentável. Torna-se uma relação “sine qua non”,
pois não há como pensar na primeira sem passar pela última.
GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL.
Nas discussões acerca do
desenvolvimento sustentável na atualidade é imprescindível a inserção do tema
globalização. Este se traduz como a nova ordem econômica e social mundial que
vem impor importantes transformações, produzindo uma desconhecida sociedade
global, com a intensificação das relações sociais em escala mundial, associando
localidades distantes entre si.
A questão que se apresenta por
conta desta recente ordem mundial é como a globalização da economia pode
influir nos caminhos preconizados para a humanidade a partir da agenda 21 rumo
à sustentabilidade.
Em uma sociedade globalizada,
os fatos acabam por se tornarem interdependentes. Como destaca Eriksson Na
sociedade global, qualquer guerra é uma guerra civil (1997, p.102). Diante
desta nova configuração mundial, é com propriedade que se indaga sobre a
possibilidade de desenvolvimento econômico com sustentabilidade. A globalização
do mercado e a redução do papel do Estado significarão que as pessoas serão
forçadas a se organizarem em comunidades solidárias para garantirem o futuro
(CARVALHO, 1999). Esta situação implica novos critérios para tornar justa a
divisão dos bens. Globalizar, mais do que encurtar as distâncias tem que
significar auferir condições igualitárias de vida a todas as pessoas.
O desenvolvimento, na era da
globalização, acaba por determinar novas aspirações às diferentes localidades.
Como bem destaca Godard que não se pode exigir que cada economia local limite
seu desenvolvimento somente às possibilidades de seus recursos locais (1997,
p.115).
Todavia, há que se questionar
se a real capacidade de suporte do planeta permitirá que o fenômeno da
globalização atenue as desigualdades sociais ou, ao contrário, servirá para
agravar e eternizar quadros de injustiça econômica e social, frente a uma
crescente degradação ambiental.
A real implementação de
políticas públicas ambientais que promovam efetivamente o desenvolvimento
sustentável representa um dos maiores desafios a serem enfrentados por toda a
sociedade. Se considerarmos que a degradação ambiental é resultante de um
processo social, determinado pelo modo como a sociedade apropria-se dos
recursos naturais, observamos que as mudanças necessárias a sustentabilidade só
irão ocorrer frente a novos comportamentos e novos processos sociais.
[...] A promoção de uma gestão
integrada de recursos naturais e do meio ambiente pode nos levar não só ao
questionamento de certas modalidades técnicas de exploração, mas também
estimular a busca de transformação das condições sociais que cercam seu
exercício (Godard, 1997b, p.209).
É, por conseguinte, um dos
mais importantes desafios que se apresentam para a legitimação de políticas
públicas: pensar e repensar esta atual modalidade de gestão, que impõe rigor e
atenção aos fundamentos que pressupõem a real sustentabilidade.
PROBLEMAS A SEREM ENFRENTADOS
PARA A IMPLEMENTAÇÃO
EFETIVA DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Na abordagem das idéias e
propostas em torno do desenvolvimento sustentável, cumpre notar as questões que
persistem em todas as discussões. São inúmeros elementos que precisam ser
constantemente reavaliados para que se tenha noção da dimensão exata do que é e
de como implementar o desenvolvimento com sustentabilidade.
O primeiro questionamento
deveria ser referente a qual o procedimento ideal, rumo a sustentabilidade.
Seria adequar os rumos do desenvolvimento econômico à situações que
comprovadamente não representem riscos ao ambiente presente e nem futuro (o que
vimos não existe na prática até o momento), através do então princípio da
precaução ou instaurar programas de crescimento econômico, mesmo com os riscos
eminentes ao ambiente, mas que mantenham medidas preventivas e mitigadoras que
permitam ao ambiente suas características naturais pelo maior tempo possível?
Segundo Godard Assumir como
regra a prevenção absoluta do roteiro do pior levaria a uma paralisia que logo
seria intolerável pela população. Então a atitude de precaução não seria mais
sustentável. (1997, p.121). É certo que ações baseadas no princípio de precaução
revelam uma visão extremista do que seja sustentabilidade. A idéia de
sustentabilidade, por sua vez, implica uma limitação definida nas
possibilidades de crescimento (Cavalcanti, 1997, p.24). Fearnside assim
descreve sobre esta situação:
Uma vez que os limites ao
crescimento constrangem a utilização dos recursos renováveis e não-renováveis,
as estratégias para o desenvolvimento sustentável devem, a longo prazo,
concentrar-se na reorganização da maneira como os recursos são utilizados e de
como os benefícios são compartilhados (1997, p.315).
Este, talvez seja um dos
maiores impasses relacionados à questão do desenvolvimento: o uso compartilhado
dos bens do planeta, incluindo aí os recursos naturais e seus benefícios
econômicos, ou seja, a distribuição da renda mundial. O modo de consumo atual
não é homogêneo, muito menos justo, aos diferentes países. Os países
industrializados do norte são os responsáveis pela maior fatia da produção
mundial. Ignacy Sachs apud Godard faz notar
[..].o quanto a degradação do
meio ambiente do planeta pode ser imputada ao modo de consumo do Norte; esse
modo de consumo não lhe parece de qualquer forma sustentável, posto que ele não
pode ser generalizado ao conjunto das populações do planeta; este modo deveria
então ser profundamente alterado (1997, p.126)
Estabelecer novos parâmetros
de comportamento seria então imprescindível ao preconizado desenvolvimento
sustentável. Todavia, mudar paradigmas, não é tarefa das mais fáceis, e nesta
situação há que se perceber a real dimensão, considerando que estes novos
parâmetros indicam mudanças em todas as estruturas sócio-econômicas. Erickssom
destaca nesse sentido que:
Com a atual população do
mundo, não é possível alimentar pessoas com métodos pré-agrícolas. A produção
industrial também tem aumentado a eficiência em muitas atividades da sociedade
a tal ponto que não pode ser revertida. Porém nem a agricultura nem a indústria
estão no momento organizadas de maneira sustentável. (1997, p.94).
É possível manter a produção
industrial nos níveis atuais e ao mesmo tempo inferir a ela sustentabilidade?
Parece utopia, crer em uma resposta afirmativa para essa questão. Contudo, é
possível reavaliar as atuais condições de crescimento econômico e impor algumas
limitações. O controle das ações desenvolvimentistas públicas e privadas deve
ter caráter de rigor e continuidade. De acordo com Proops et al um
pré-requisito adicional para uma política ambiental de sucesso é um conjunto de
instituições e uma burocracia que funcione, implementando e monitorando as leis
(1997, p.111). Sem o qual nada será realmente concreto.
Um outro item de fundamental
importância diz respeito a participação ainda ineficiente da sociedade de um
modo geral nas decisões políticas em torno de suas especificidades. Afinal como
afirma Ericksson uma educação ampla, uma ampla participação nas decisões e uma
responsabilidade e coerência social são peças valiosas na transição para uma
sociedade sustentável (1997, p.99).
Godard ainda destaca, em
relação às barreiras que ainda se fazem presente nas questões relativas ao
desenvolvimento sustentável que a referência comum ao desenvolvimento
sustentável deveria equilibrar melhor o peso das disciplinas científicas e as
argumentações de justificação provenientes de diferentes tradições de
pensamento, e facilitar a comunicação entre essas disciplinas . (1997b, p.123)
Um dos grandes desafios
enfrentados pela sociedade moderna é, sem dúvida, implementar um
desenvolvimento sustentável que busque conjugar os avanços tecnológicos e
científicos como ferramentas capazes de produzir bases para uso dos recursos
naturais e conservação do meio ambiente de forma duradoura.
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO: OS
NOVOS RUMOS DA HUMANIDADE
Desenvolver com
sustentabilidade, este é o grande desafio que se impõe para toda a humanidade.
Sem exceções, todos os setores da sociedade devem estar imbuídos dessa
intenção. No entanto, é mister considerar as atuais especificidades da
sociedade industrial, que não podem ser ignoradas e que não mostram vias claras
de retrocesso. O homem, por natureza, é um grande agente modificador de seu
ambiente. Desta forma, não há como vislumbrar o ambiente sem a ação humana.
Certos estudiosos parecem esperar que especialistas das ciências da natureza
forneçam indicadores de sustentabilidade tomando como referência o estado dos
ecossistemas quando estes escapavam à influência humana... (GODARD, 1997,
p.116).
O futuro que ora se vislumbra,
é fruto das atitudes que deverão ser elencadas no presente. Não há tempo em
demasia para que posições sobre a implementação do desenvolvimento sustentável
sejam tomadas. É preciso urgência. Por um lado, sabemos muito pouco sobre a
natureza. Por outro lado, não há tempo para se esperar por um conhecimento
detalhado sobre a ecologia da nave espacial (BEGOSSI, 1997:67). É preciso mais
ainda, são imprescindíveis a coerência e o bom senso para não se utilizarem
argumentos e políticas irreais que além de não contribuírem em nada para o
avanço da questão, apenas atrapalham e confundem para implementação de um
desenvolvimento sustentável. Nas palavras de Weber, encontra-se o que realmente
deve ser a intenção de toda a sociedade:
Nossa esperança é contribuir
mesmo que seja em proporção mínima, para a elaboração de cenários de
desenvolvimento viável, capazes de assumir mais efetivamente o respeito pelos
modos de vida pelos ecossistemas e de autorizar elevações dos níveis de renda,
implicando um mínimo de irreversibilidade (1997, p.141).
As perspectivas que se
instauram na sociedade de modo geral, indubitavelmente, contemplam a
visualização de modos de vida com bases sustentáveis. Isto se traduz no avanço
de uma nova consciência ambiental, que poderá ser fator decisivo para a
implementação nas próximas décadas de programas de desenvolvimento econômico,
se não totalmente, mas em sua maior parte, sustentáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das diversas abordagens
em torno desta tão premente questão que é o desenvolvimento sustentável, nos
inquieta e desafia a seguinte pergunta; é possível tornar compatível e em que
grau, o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente? Ou seja, é
possível o desenvolvimento sustentável?
A despeito de que
desenvolvimento sustentável seja algo essencialmente utópico, ou apenas um
ideário, os novos rumos que a humanidade deve necessariamente percorrer têm que
contemplar novas visões e quebrar paradigmas. A sociedade global tem que estar
atenta ao foco de maior importância de todas as suas esferas: a qualidade de
vida do ser humano. Se desenvolver com sustentabilidade é algo que nos parece
irreal, é sempre importante lembrar que para transformar essa utopia em
realidade será preciso superar a visão de desenvolvimento a partir de um espaço
a ser ocupado e entendê-lo como possibilidade de construção sustentável.
Os problemas que se destacam
na análise global do tema desenvolvimento sustentável, referidos no presente
trabalho podem ser sintetizados dentro dos seguintes aspectos: falta de uma
política voltada a manutenção da produção industrial de caráter sustentável com
os recursos naturais existentes, o estabelecimento de uma gestão participativa
nas decisões públicas e privadas de interesse social e econômica, o
estabelecimento de princípios educacionais voltado ao desenvolvimento
sustentável e a conjunção dos avanços científicos e tecnológicos como
instrumentos da sustentabilidade.
Uma maior reflexão no sentido
de considerar estes aspectos como imprescindíveis à sustentabilidade pode vir a
representar o caminho para se chegar a uma nova política de desenvolvimento.
As ondas perdem todos os dias
para o rochedo, porém a longo prazo elas vencem o rochedo (CARVALHO, 1999)
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PARA O 3º "B" DIA 14/07/2012
DATA DE ENTREGA DAS PRODUÇÕES PARA 3º "A", 3º "C" e 3º "D": DIA 13/078/2012 e
PARA O 3º "B" DIA 14/07/2012
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