Atravesso a Marques da
Silva
como de costume depois
paro pra um café.
as buzinas ferozes da
segunda-feira,
o som tumultuado das
pessoas
me tiraram da cama mais
cedo.
Mas quando eu era
criança
havia outro modo que
despertava o dia:
minha mãe ligando o
rádio
o grito do chocalho e a
voz de Zé do Rojão
‘acorda minha gente’ e
recitava Zé da Luz:
“três muié, três irimã,
três cachorra da mulesta
eu vi num dia de festa,
num lugar Puxinanã...”
Meu pai cutucando o meu
dedão do pé:
tá na hora de levantar,
mocinha
pra não perder a
escola.
Meus pais se foram, o
rádio aquietou-se de velho.
Eu e um poema de Zé da
Luz ficamos atônitos
no meio da praça
quando ouvimos o
barulho do Rojão subindo ao céu.
Marta Eugênia
Nenhum comentário:
Postar um comentário