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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ROJÃO NO CÉU



Atravesso a Marques da Silva
como de costume depois paro pra um café.
as buzinas ferozes da segunda-feira,
o som tumultuado das pessoas
me tiraram da cama mais cedo.
Mas quando eu era criança
havia outro modo que despertava o dia:
minha mãe ligando o rádio
o grito do chocalho e a voz de Zé do Rojão
‘acorda minha gente’ e recitava Zé da Luz:
“três muié, três irimã, três cachorra da mulesta
eu vi num dia de festa, num lugar Puxinanã...”
Meu pai cutucando o meu dedão do pé:
tá na hora de levantar, mocinha
pra não perder a escola.
Meus pais se foram, o rádio aquietou-se de velho.
Eu e um poema de Zé da Luz ficamos atônitos
no meio da praça
quando ouvimos o barulho do Rojão subindo ao céu.


Marta Eugênia

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