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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CLASSICISMO


Por: Maria Cris
 Quatro séculos depois do inicio do trovadorismo, surge em Portugal o classicismo, também chamado de Quinhentismo por ter se manifestado no século XVI, em 1527 (pela data), quando o poeta Sá de Miranda retorna da Itália trazendo as características desse novo estilo.

Contexto histórico do classicismo: renascimento
As grandes navegações fazem com que o homem do inicio do século XVI se sinta orgulhoso e confiante em sua capacidade criativa e em sua força: desafiar os mares, percorrer os oceanos, descobrir novos mundos, produzir saberes, desenvolver as ciências e transformá-las em tecnologia, tudo isso resulta no surgimento de um Homem muito diferente daquele existente na idade media e esse homem volta a ser o centro da sua própria vida (antropocentrismo).
O que esse homem faz de melhor é em prol de si mesmo e isso se reflete também na arte e na literatura que ele produz nessa época. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas “trevas” da idade media, mas já havia existido na antiguidade (na civilização grega, por exemplo) e é porque, no inicio do século XVI, ocorre o ressurgimento ou renascimento do Antropocentrismo, que esse período da historia é chamado de renascimento. 
O renascimento é o momento histórico em que o homem produz grande quantidade e qualidade de obras artísticas e literárias; elas perdem o primitivismo e a ingenuidade de obras medievais e ganham um aprimoramento técnico que supera ate as obras da antiguidade: as cores se multiplicam, surge à noção de perspectiva, as formas humanas são concebidas de maneira mais nítida, no caso da arte. O “berço” do renascimento é a Itália.
O tema predominante nas obras artísticas e literárias do renascimento é sempre o homem e tudo que diz respeito a ele.


A literatura produzida no renascimento: o classicismo

 À volta do mesmo espírito antropocêntrico da antiguidade faz com que o homem renascentista busque inspiração nos modelos artísticos e literários – nas obras – das antigas civilizações, principalmente nas da Grécia antiga. Assim, as características das obras da antiguidade são trazidas de volta e são também chamada de idade clássica e as obras produzidas naquela época são igualmente chamadas de clássicas. Como a obra renascentista possui as mesmas características da obra da antiguidade, também ela é chamada de clássica e esse período artístico e literário, de classicismo.


Características do classicismo renascentista:
Antropocentrismo
Presença de elementos da mitologia
Presença de elementos do cristianismo
Preciosismo vocabular
Obediência à versificação
Figuras (em especial de personificação)
Racionalismo (=objetividade)
Universalismo (=generalização)

Características do classicismo:
1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portugueses em suas conquistas marítimas.
3- Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou verdades universais.
4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras literárias.
5- Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.
6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Características da poesia de Luis Vaz de Camões
1- Poesia elaborada sobre uma experiência pessoal múltipla.
2- Síntese entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos ilalianizozntes do "dolce stil nuevo": redondilhas > inovações formais (decassílabo) Mote glosado > inovações temáticas (amor platônico e seus paradoxos)

A lira de Luis Vaz de Camões
1-      Visão da natureza (ideal clássico que se caracteriza pela harmonia, ordem e racionalidade (a natureza é um exemplo).
2-      Concepção do amor: (Platonismo: O verdadeiro amor, amor puro, está no mundo das idéias).
3-      O desconcerto do mundo (a razão desvenda o mundo sem sentido e sofre).

Classicismo em Portugal
O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação literária e as novas formas de composição poética, como o soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.

Características do Classicismo
Imitação dos gregos e latinos ao redescobrirem os valores do ser humano, abafados pela Igreja durante a Idade Média, os artistas deste período voltam-se para a Antiguidade. O próprio nome desse estilo de época – Classicismo – tem sua origem no aprofundamento dos textos literários e filosóficos estudados nas escolas. Na Idade Média, esses textos eram reproduzidos nos conventos e difundidos entre os estudiosos, mas passavam por uma censura religiosa, que só mantinha os aspectos que não feriam a moral cristã. Com o Renascimento, houve um retorno a esses textos, mas em sua versão original, completa.
Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis. Segundo Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da sociedade ideal, além de retomar ideias de outros poetas, reconhecidamente importantes por sua obra. Não se trata de copiar outros autores, e sim de assemelhar-se à sua obra. Petrarca comparava esta semelhança à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam, mas o filho tem suas características próprias, que o individualizam. O mesmo aconteceria à obra literária: seria semelhante à de Virgílio, Horácio e outros autores da Antiguidade, usando o que eles tivessem de melhor, mas conservando seus traços próprios.
O universalismo Para os clássicos, a obra de arte prende-se a uma realidade idealizada; uma concepção artística transcendente, baseada no Bem, no Belo, no Verdadeiro – valores passíveis de imitação. A função do artista é a de criar a realidade circundante naquilo que ela tem de universal.
O racionalismo Os autores clássicos submetem suas emoções ao controle da razão. Ao abandonar o teocentrismo, o homem deste período afasta os temores da Idade Média e passa a crer em suas potencialidades, incluindo nelas a habilidade de raciocinar. A cultura clássica é uma cultura da racionalidade.
A perfeição formal Preocupados com o equilíbrio e a harmonia de seus textos, os autores clássicos adotam a chamada medida nova para os poemas: versos decassílabos e uso freqüente de sonetos (anteriormente, usava-se medida velha: redondilhas).
Elitismo Os clássicos evitam a vulgaridade. O Classicismo tende à realização de uma arte de elite, o que reflete a organização social da época (a aristocracia era a classe dominante).
A concepção clássica foi introduzida em Portugal por Sá de Miranda, ao regressar da Itália, onde conheceu novos conceitos de arte e novas formas poéticas. Uso da mitologia Voltados para os valores da Antiguidade, os autores clássicos utilizam-se, com freqüência, de cenas mitológicas, as quais simbolizam com propriedade as emoções que o autor quer exteriorizar. Assim, a imagem do Cupido, por exemplo, simboliza o amor.

Classicismo Literário
Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular.
Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova.
Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.

Luís de Camões (1525?-1580): poeta soldado
 Escritor de dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como soldado para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito.
Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde participou de várias expedições militares.
Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema épico que celebrava os recentes feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
A obra fez tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema pobreza que vivia.
Camões morreu no dia 10 de junho de 1580.

A Poesia Épica de Camões
Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: Os lusíadas.
O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias.A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus Baco).
A EstruturaOs lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos.
Divisão dos Cantos1ª parte:
Introdução: Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se em:
Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói (constituem as três primeiras estrofes do canto I).
Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas inspiração para fazer o poema.
Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, rei de Portugal.
2ª parte: Narração
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses ao Oriente.
3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que calem a voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria que já não merece as glórias do seu canto.
O herói como o título indica, o herói desta epopeia é coletivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses.


Episódio O Velho da praia do Restelo
Um dos episódios mais célebres da obra: o Velho do Restelo (canto IV, estrofes 94-104). O sentido do discurso atribuído ao Velho é bastante claro; não obstante, o episódio coloca alguns problemas quanto ao pensamento do poeta relativamente à questão tratada.
Os navios portugueses estão prestes a largar; esposas, filhos, mães, pais e amigos dos marinheiros apinham-se na praia (do Restelo) para dar seu adeus, envolto em muitas lágrimas e lamentos, àqueles que partiam para perigos inimagináveis e talvez para não mais voltar.
No meio desse ambiente emocionado, destaca-se a figura imponente de um velho que, com sua "voz pesada", ouvida até nos navios, faz um discurso veemente, condenando aquela aventura insana, impelida, segundo ele, pela cobiça -o desejo de riquezas, poder, fama. Diz o velho que, para ir enfrentar desnecessariamente perigos desconhecidos, os portugueses abandonavam os perigos urgentes de seu país, ainda ameaçado pelos mouros e no qual já se instalava a desorganização social que decorreu das grandes navegações.
Segundo parece, o velho representa a opinião conservadora (alguns diriam "reacionária") da época -opinião da aldeia, do torrão natal, da vida segura, mas não heróica.
O discurso do Velho contém uma condenação enfática da guerra, de acordo com o ponto de vista do Humanismo, que era antibelicista. Mas o Velho, como Camões, abre exceção (sob a forma de concessão) para a guerra na África (lembremos que o poeta, no início e no fim do poema, recomenda enfaticamente a D. Sebastião que embarque nessa aventura). Sabemos que havia, na época, uma corrente de opinião em Portugal que condenava a política ultramarina do país, direcionada desde D. João 3º em favor da Índia, com o abandono das conquistas africanas.


O episódio de Inês de Castro

Dona Inês, da importantíssima família castelhana Castro, veio a Portugal como dama de companhia da princesa Constança, noiva de D. Pedro, herdeiro do rei D. Afonso 4º. O príncipe apaixonou-se loucamente pela moça, de quem teve filhos ainda em vida da princesa, sua esposa. Com a morte desta, em 1435, ter-se-ia casado clandestinamente com Inês, segundo o que ele mesmo declarou tempos depois, quando já se tornara rei. Talvez tal declaração, embora solene, fosse falsa; é fato, porém, que o príncipe rejeitou diversos casamentos, politicamente convenientes, que lhe foram propostos depois que ficou viúvo.
A ligação entre o príncipe e sua amante não foi bem vista pelo rei, que temia fosse seu filho envolvido em manobras pró-Castela da família de Pérez de Castro, pai de Inês. (Aqui é preciso lembrar que o conflito entre Portugal e Castela, ou seja, a Espanha, remonta à fundação de Portugal, que nasceu de um desmembramento do território castelhano e que Castela sempre almejou reintegrar a si.) Em conseqüência, o rei, estimulado por seus conselheiros, decidiu-se pelo assassinato de Inês, que foi degolada quando o príncipe se achava caçando fora de Coimbra, onde vivia o casal. O crime motivou um longo conflito entre o príncipe e o pai. Depois que se tornou rei, D. Pedro ordenou a exumação (desenterramento) do cadáver, para que Inês fosse coroada como rainha.

O episódio do Gigante Admastor

Cinco dias depois da paragem na Baía de Santa Helena, chega Vasco da Gama ao Cabo das Tormentas e é surpreendido por uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que pôs nos corações dos portugueses um grande “medo” e leva Vasco da Gama a evocar o próprio Deus todo poderoso.
Foi o aparecimento do Gigante Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões para significar todos os perigos, as tempestades, os naufrágios e “perdições de toda sorte” que os portugueses tiveram de enfrentar e transpor nas suas viagens.
Esta aparição do Gigante é caracterizada directa e fisicamente com uma adjectivação abundante e é conotada a imponência da figura e o terror e estupefacção de Vasco da Gama, e seus companheiros, que o leva a interrogar o Gigante quanto à sua figura, perguntando-lhe simplesmente “Quem és tu?”.
Mas mesmo os gigantes têm os seus pontos fracos. Este que o Gama enfrenta é também uma vítima do amor não correspondido, e a questão de Gama leva o gigante a contar a sua história sobre o amor não correspondido.
Apaixona-se pela bela Tétis que o rejeita pela “grandeza feia do seu gesto”. Decide então, “tomá-la por armas” e revela o seu segredo a Dóris, mãe de Tétis, que serve de intermediária. A resposta de Tétis é ambígua, mas ele acredita na sua boa fé.
Acaba por ser enganado. Quando na noite prometida julgava apertar o seu lindo corpo e beijar os seus “olhos belos, as faces e os cabelos”, acha-se abraçado “cum duro monte de áspero mato e de espessura brava, junto de um penedo, outro penedo”.
Foi rodeado pela sua amada Tétis, o mar, sem lhe poder tocar.


Camões Lírico
Camões escreveu versos tanto na medida velha ( cinco ou sete sílabas métrcas) quanto na medida nova ( dez sílabas métricas).
Seus poemas heptassílabos ( sete sílabas métricas) geralmente são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que constituíam glosas (ou voltas a ele).
Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutura tipicamente silogística, normalmente apresentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada no último terceto, fechando, assim, o raciocínio.
Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem à realização plena.
Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo a mulher como exemplo de perfeição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade.

Outros Autores
Francisco de Sá de Miranda (1481-1558). Escreveu poemas na medida nova e na medida velha. Escreveu, ainda, a tragédia Cleópatra, as comédias Os Estrangeiros e Vilhalpandos.
Antônio Ferreira (1528-1569). Discípulo de Sá de Miranda, escreveu Poemas Lusitanos, Castro, Bristo e Cioso. João de Barros (1496?-1570), autor de As décadas da Ásia.
Principais representantes do Neoclassicismo na música do século XVIII:

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