Por Regina Maria Prosperi Meyer*
A determinação desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek (1956-1960) produziu fatos eloqüentes no terreno da urbanização e do urbanismo. A passagem do poder político e da iniciativa econômica para as mãos da burguesia industrial reforçou a cultura urbana. Enquanto a taxa de crescimento da população brasileira foi, na década de 1950, de 3,16%, o crescimento urbano brasileiro atingiu a cifra de 7,38%. Esta hegemonia da cidade sobre o campo refletiu-se no conjunto da rede urbana brasileira. A distribuição espacial e funcional deste crescimento produziu um quadro urbano no qual São Paulo emergiu como a metrópole nacional. O "Plano de Metas", concebido por Kubitschek e sua equipe para ser cumprido em quatro anos, continha uma "meta síntese" de grande impacto: a construção de Brasília, a nova capital.
Um grande concurso nacional que contou com todos os nomes relevantes da arquitetura e do urbanismo brasileiro premiou a proposta do arquiteto e urbanista Lucio Costa. Esquematicamente, o projeto foi concebido sob os princípios urbanísticos elaborados pelos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (Ciams), especialmente aqueles formalizados durante o Congresso de 1933 e documentado na Carta de Atenas, publicada em 1942, que prevê um estrito zoneamento funcional, baseado nas funções morar, trabalhar, recrear e circular.
O projeto, segundo Lucio Costa, "nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz". Procurou-se em seguida uma adaptação à topografia local, ao escoamento das águas, à melhor orientação. Houve uma clara preocupação de aplicar ao urbanismo os princípios considerados mais avançados da técnica rodoviária. Foram eliminados os cruzamentos através de retornos em desnível.
Conferiu-se ao eixo norte-sul a função circulatória-tronco, com pistas centrais de alta velocidade. Pistas laterais foram previstas para a distribuição do tráfego local, que conduz diretamente ao setor residencial. O eixo transversal leste-oeste, denominado "monumental", recebeu o centro cívico e administrativo, o setor cultural, o centro comercial e de diversões, o setor administrativo municipal. Destacam-se no conjunto os edifícios autônomos destinados aos poderes fundamentais – legislativo, executivo e judiciário - que formam a triangular Praça dos Três Poderes. A partir do edifício do Congresso Nacional, que ocupa o setor oeste da praça, rumo à interseção dos eixos, desenvolve-se a monumental Esplanada dos Ministérios.
A solução encontrada para o setor residencial foi a criação das superquadras. São quadrados com 250 metros de comprimento, dispostas em ambos os lados da faixa rodoviária e emolduradas por uma larga cinta vegetal. No interior destas superquadras os blocos de residências podem dispor-se de maneira variada, obedecendo a dois princípios: gabarito máximo uniforme (6 pavimentos) e "pilotis" e estrita separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres.
Do ponto de vista das relações espaciais, o zoneamento estrito de Brasília corresponde a três escalas: a gregária, a residencial e a monumental. A primeira corresponde aos setores de diversões e comércio; a segunda, ao setor residencial; e a terceira, ao conjunto constituído pela Praça dos Três Poderes e pela Esplanada dos Ministérios.
O arquiteto Oscar Niemeyer é responsável pelos projetos de todos os edifícios públicos da capital. Existe uma perfeita e intensa relação entre o Plano Piloto concebido por Lucio Costa e os projetos de arquitetura de Oscar Niemeyer. Ambos criaram uma cidade integralmente projetada, considerada como um "objeto" global e único.
* Regina Maria Prosperi Meyer é arquiteta, com especialização em "Urban Design and Urban Planning" (Architecture School of Architecture, Londres), mestrado em Arquitetura e Urbanismo (Bartlett School of Archicteture, University College, London University) e doutorado realizado na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Atualmente é professora do Departamento de História da FAU-USP.
RUMO AO PLANALTO
Menos de três meses depois de tomar posse na presidência, JK deu o primeiro passo para construir uma nova capital no centro do país – cumprindo, assim, promessa que fizera, no início da campanha, durante um comício na cidade goiana de Jataí.
Cumpria também um dispositivo incluído em sucessivas Constituições – a idéia de transferir a capital federal vinha de muito longe, do tempo do Império, sem que os governantes fizessem muito para tirá-la do papel. Disposto a fazer dela a "meta-síntese" do ambicioso Plano de Metas com que chegou à presidência, a 18 de abril de 1956 Juscelino enviou projeto de lei ao Congresso Nacional.
Depois de vencer resistências de parlamentares da oposição, o projeto se transformou em lei, sancionada a 19 de setembro, que fixava os limites do novo Distrito Federal e autorizava a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Para presidi-la, JK escolheu um velho amigo, o engenheiro Israel Pinheiro, deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) de Minas Gerais.
Outra lei, de 1º de outubro, fixou a data para a mudança da capital: 21 de abril de 1960. Significava que tudo teria que ser feito no curto espaço de três anos e sete meses.
Mesmo entre os governistas, poucos acreditavam que isso aconteceria. E a oposição apostava que o presidente, ao se meter naquela missão impossível, acabaria desmoralizado.
A PRIMEIRA VISITA AO PLANALTO
Marcada para 21 de abril de 1960 a mudança da capital, a 2 de outubro de 1956 o presidente JK embarcou com pequena comitiva num DC-3 da Força Aérea Brasileira e foi conhecer o lugar onde Brasília seria edificada.
O avião desceu numa precaríssima pista de 2 mil metros, rasgada dias antes pelo vice-governador de Goiás, o engenheiro agrônomo carioca Bernardo Sayão – responsável, entre outras obras, pela abertura da rodovia Belém-Brasília, em cuja construção morrerá, em janeiro de 1959.
Por ocasião dessa primeira visita, JK deixou no Livro de Ouro da futura capital uma frase que se tornou célebre e está gravada no mármore do Museu da Cidade, na praça dos Três Poderes:
"Deste planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino."
NASCE UMA CIDADE
Sob o comando de Israel Pinheiro, o presidente da Novacap, a 3 de novembro de 1956 tratores já levantavam poeira nos trabalhos de terraplenagem em Brasília. Uma semana depois, estava pronto um "palácio" de madeira, o Catetinho. A pista de pouso provisória aberta por Bernardo Sayão para a primeira visita de JK, um mês antes, foi espichada para 3 mil metros e no começo de 1957 estava pavimentada.
O presidente, que tinha paixão por aviões, haveria de usá-la, nas freqüentes viagens que fazia do Rio de Janeiro – a "Belacap", dizia-se então, ou "Velhacap" –, a bordo de valentes DC-3 (trocados, mais adiante, por um turboélice Viscount), em vôos que duravam quase cinco horas. Saía no começo da noite, inspecionava obras no início da madrugada, pegava o avião de volta e, acomodado num leito improvisado, ia amanhecer no Rio. Em cinco anos de governo, faria 365 viagens a Brasília.
Estradas eram abertas para ligar a lonjura do planalto aos grandes centros do país, pondo por terra a lenda, alimentada pelos críticos da mudança, de que a construção de Brasília dependia do dispendioso transporte aéreo.
Em março de 1957, no Rio, uma comissão julgadora formada por urbanistas brasileiros e estrangeiros escolhia o melhor projeto para a nova capital, com previsão de 600 mil habitantes – o de número 22, assinado por Lúcio Costa.
No Plano Piloto por ele concebido, de genial simplicidade, tudo se organizava em torno de dois eixos dispostos em cruz. Brasília, dirá o autor, "nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal-da-cruz".
DO ALTO, JK VÊ AS OBRAS
Com a mudança da capital marcada para 21 de abril de 1960, tudo teria que ser feito em regime de urgência. O planalto Central transformou-se num fervedouro de candangos, como eram chamados os operários, em sua maioria vindos do Nordeste em busca de trabalho. (Junto com o nome do presidente, o apelido desses trabalhadores foi tomado para batizar uma espécie até então desconhecida de roedor, encontrada no cerrado goiano, nessa época, pelo biólogo João Moojen de Oliveira.)
Instalados em cidades-satélites que brotaram à margem do plano-piloto, em abril de 1957 eles eram 10 mil. Três anos depois, 60 mil. JK recordará aquele poeirento formigueiro:
"Sobrevoando o planalto é que se tinha uma visão de conjunto dos trabalhos. Caminhões iam e vinham, levando ou trazendo material de construção. Bulldozers, às dezenas, revolviam a terra, abrindo clareiras no cerrado. [...] Aqui e ali, já se viam as torres metálicas das estações de telecomunicações, através das quais centenas de mensagens eram enviadas, pedindo cimento, cobrando remessas de material elétrico, exigindo jipes, caixas-d'água, tambores de gasolina, gêneros enlatados, peças de veículos. Era um mundo que despertava no cerrado, ressonante de sons metálicos e estuante de energia humana. [...] O próprio chão estremecia, rasgado pelas estacas Franki. Os edifícios iam surgindo da terra, perfurada em todas as direções. Cada obra ostentava uma tabuleta com os dizeres: 'Iniciada no dia tal. Será concluída no dia tal'."
No bem-bom do litoral, adversários de JK duvidavam de que ele concluísse a tempo a construção da cidade. Os prazos, porém, foram pontualmente observados. Em apenas um ano se fez o Palácio da Alvorada, inaugurado em junho de 1958. Do mesmo ano são o Palácio do Planalto, as duas cuias e os prédios gêmeos do Congresso Nacional, a praça dos Três Poderes e edifícios dos ministérios.
Um dos detratores de Brasília, o escritor Gustavo Corção, sacava seu diploma de engenheiro para afirmar que o lago Paranoá nunca encheria, pois o solo era por demais poroso. Até receber um telegrama presidencial: "Encheu, viu?!".
Duvidou também de que o ermo de Brasília pudesse ser ligado por telefone com o Rio de Janeiro. Quando isso aconteceu, a 17 de abril de 1960, JK mandou discar para a casa de Corção.
Crítico feroz de Juscelino e de Brasília, o economista Eugênio Gudin recusou convite de Israel Pinheiro, para visitar a capital em construção – morreu falando mal da cidade e de seu criador, em 1986.
Menos azedo, um jovem compositor popular, Juca Chaves, alfinetava JK numa canção que fez sucesso em 1960: "Presidente bossa-nova", expressamente dedicada "ao muso". Censores por demais zelosos apressaram-se em proibir a música, mas o "muso" não apenas mandou liberá-la como convidou o autor a visitá-lo no palácio. Juca Chaves compareceu de terno – e sem sapatos.
A nova capital dava samba – e também marchinha: "Vamos pra Brasília", que animou o Carnaval de 1958, na voz de Jorge Veiga. "Não vou pra Brasília", retrucava, no mesmo ano, um samba de Billy Blanco, cantado pelo grupo Os Cariocas.
Para JK, cinco anos de mandato foram cinqüenta de brincadeiras e piadas, por vezes ofensivas. Nem por um minuto perdeu o bom humor e a tolerância.
"SÓ MESMO O NONÔ"
A festa da inauguração de Brasília começou na noite da véspera, 20 de abril de 1960, com uma missa campal que invadiu o dia 21 e arrancou lágrimas do criador da cidade.
Despertado na manhã seguinte com um toque de alvorada, ele enfrentou alegremente uma agenda em que lhe coube, entre muitos outros compromissos, recepcionar embaixadores estrangeiros e presidir uma reunião do ministério – formalmente, a instalação do poder executivo na nova capital. Primeiro ato oficial de JK: assinatura de mensagem propondo a criação da Universidade de Brasília.
Numa paisagem em que a poeira do planalto cobria democraticamente as cartolas e casacas das autoridades e as roupas domingueiras dos trabalhadores, tudo era festa em Brasília naquela quinta-feira. Parada militar, desfile de candangos, baile improvisado nas ruas, queima de fogos no Eixo Rodoviário, JK percorrendo avenidas em carro aberto, Esquadrilha da Fumaça roncando no céu onde no final da tarde se abriu um arco-íris. À noite, no Palácio do Planalto, baile de gala para 3 mil convidados.
A certa altura do dia, a primeira-dama, d. Sarah, encontrou a sogra debruçada numa janela do Palácio da Alvorada. "Só mesmo o Nonô", murmurou d. Júlia, "seria capaz de fazer tudo isso".
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Em 1883, na cidade italiana de Turim, o padre salesiano João Bosco teve um sonho profético: a capital do Brasil seria construída entre os paralelos 15 e 20. E em 21 de abril de 1960 seu sonho foi concretizado com a inauguração de Brasília no chamado Planalto Central. O Planalto Central que, como disse o compositor Antônio Carlos Jobim - o Tom Jobim, seria o "herdeiro" de todas as culturas, de todas as raças, com um sabor todo próprio".
Não foi por acaso que aquele pedaço de Brasil surgiu nos sonhos de Dom Bosco. Nem por acaso se tornou versos do compositor. Seus palácios, parques, jardins e um verde inigualável estão hoje preservados e declarados Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Muito mais do que palácios, esculturas e capital do poder, Brasília vai-se tornando uma descoberta mágica pela Natureza que oferece em seus arredores, numa região que se chama de "entorno". Seu cerrado, com árvores retorcidas e secas, esconde cachoeiras, grutas, lagoas, piscinas naturais, cavernas, cristais e caminhadas por trilhas que surpreendem com espécies raras da fauna e da flora. Infelizmente, muitas já ameaçadas de extinção.
Entre as 60 mil espécies animais destacam-se a onça-pintada, a suçuarana, o veado-campeiro, o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra. A rica e bela fauna compõe-se de espécies como a palmeira-buriti, as buganvílias com sua cores lilás, branca, vermelha e rosa, as mais variadas orquídeas. Muitas delas estão hoje preservadas em unidades de conservação. Na verdade, 42% do território do Distrito Federal são formados por áreas de proteção ambiental.
Quem nasce em Brasília é "candango" ou "brasiliense". O termo "brasiliense" costuma também ser usado para significar quem mora na cidade, quer tenha nascido nela ou não
MAIS HISTORIA DE BRASÍLIA
A idéia de fixar o governo do Brasil no interior existe desde 1810. Desde aquela época, a preocupação era com a segurança nacional. A capital deveria ficar longe dos portos e de áreas de mais fácil acesso de possíveis invasores. Em 1891, o artigo 3º, da Constituição promulgada naquele ano determinava uma área de 14 mil quilômetros quadrados seria demarcada no Planalto Central, para onde seria transferida a futura capital do País.
Dando prosseguimento à determinação do artigo, em 1892, uma expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil seguiu para o interior e construíram quatro marcos na região. Foi a chamada Missão Cruls, em homenagem ao seu líder, o astrônomo Luís Cruls. Em sete meses, vários geólogos, médicos, botânicos, entre outros percorreram mais de 4 mil quilômetros pesquisando minuciosamente a fauna, flora, recursos naturais, topografia, etc. A área pesquisada e demarcada foi batizada com o nome de Quadrilátero Cruls. O resultado da expedição foi entregue em 1894, um relatório contendo todas as informações da região.
Entretanto, somente em 1946 fora tomadas novas atitudes em relação à transferência da Capital. Na Constituição promulgada naquele ano estava previsto que um novo estudo sobre região fosse feito. Em 1948 o presidente Eurico Gaspar Dutra nomeou a Comissão Poli Coelho, que, depois de dois anos, chegaram à conclusão de que a área demarcada pela Missão Cruls era a ideal para a nova capital. Em 1955, o presidente Café Filho delimitou uma área de 50 mil quilômetros quadrados, onde hoje é o atual Distrito Federal.
No ano seguinte, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira começou o processo de instalação da Nova Capital e viajou pela primeira vez ao Planalto Central. Depois de um concurso, a equipe do urbanista Lúcio Costa e o grupo de arquitetos encabeçados por Oscar Niemeyer ganhou carta livre para projetar Brasília. Em pouco tempo já estavam prontos os desenhos de todos os prédios públicos e grande parte dos residenciais. Já Lúcio Costa, partiu do traçado de dois eixos, cruzando-se em ângulo reto, como uma cruz para criar o projeto urbanístico brasiliense. Os dois eixos foram chamados de Rodoviário e Monumental. O Eixo Rodoviário, que cortaria as áreas residenciais do Plano Piloto, foi levemente arqueado para dar à cruz a forma de um avião, nascendo, assim, a Asa Norte e Asa Sul. Enquanto o Eixo Monumental, com 16 quilômetros de extensão, seria destinado para as autarquias e monumentos. Ele foi dividido da seguinte maneira, no lado leste prédios públicos e palácios do governo, no centro a Rodoviária e a Torre de TV; e no lado oeste os prédios do Governo do Distrito Federal.
No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada a nova capital do Brasil e nascia uma das cidades mais místicas e belas de todo o mundo. A mística em torno da capital surgiu ainda no século XIX, quando Dom Bosco profetizou que surgiria uma nova civilização entre os paralelos 15 e 20. Outras várias profecias, lendas e crenças surgiram com o nascimento de Brasília. Há quem diga que a região do Distrito Federal é propício para a aterrizagem de discos voadores e contato com extra-terrestres. Esse lado mágico de Brasília fez surgir algumas comunidade não ortodoxas no Distrito Federal. A Cidade Eclética e o Vale do Amanhecer têm autonomia para viver ao seu modo, conforme suas próprias crenças.
Com a inauguração e a promessa de um futuro melhor, em meio a uma analogia de um oásis no deserto, a migração para o Distrito Federal foi inevitável. Logo surgiram cidades dormitórios em torno do Plano Piloto que foram batizadas de satélites. Recentemente, manobras políticas resultaram em uma nova migração em massa para o Distrito Federal. O inchaço urbano foi tanto, que Brasília já possui uma área metropolitana sem ainda ter desenvolvido um pólo industrial local. O planejamento urbanístico de Lúcio Costa, previa 500 mil habitantes no ano 2000. Em janeiro deste ano, chegamos a 2 milhões de habitantes, quatro vezes mais que o planejado.
O nome Brasília já vem de longa data. Foi sugerido em 1823 por José Bonifácio, em memorial encaminhado à Assembléia Geral Constituinte do Império. 150 anos depois do chanceler Veloso de Oliveira ter apresentado a idéia ao príncipe-regente. Desde 1987, a Unesco reconhece Brasília como Patrimônio Histórico e Universal da Humanidade.
Memoria JK
Governo JK
A eleição, o Plano de Metas, abertura da economia para o capital internacional, industrialização,
êxodo rural, construção de Brasília, pontos positivos e negativos, realizações
Juscelino Kubitschek de Oliveira foi eleito presidente do Brasil nas eleições de 1955, tendo João Goulart (Jango) como vice-presidente. Assumiu o governo no dia 31 de janeiro de 1956, ficando no poder até 31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jânio Quadros.
PLANO DE METAS
No começo de seu governo, JK apresentou ao povo brasileiro o seu Plano de Metas, cujo lema era “cinqüenta anos em cinco”. Pretendia desenvolver o país cinqüenta anos em apenas cinco de governo. O plano consistia no investimento em áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico, principalmente, infra-estrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria.
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Abrindo a economia para o capital internacional, atraiu o investimento de grandes empresas. Foi no governo JK que entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors). Estas indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do Brasil, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC (Santo André, São Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as grandes cidades do Sudeste.
CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA: A NOVA CAPITAL
Além do desenvolvimento do Sudeste, a região Centro-Oeste também cresceu e atraiu um grande número de migrantes nordestinos. A grande obra de JK foi a construção de Brasília, a nova capital do Brasil. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais, JK conseguiu finalizar e inaugurar Brasília, em 21 de abril de 1960.
BALANÇO DO GOVERNO JK
A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos para o nosso país. A entrada de multinacionais gerou empregos, porém, deixou nosso país mais dependente do capital externo. O investimento na industrialização deixou de lado a zona rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. O país ganhou uma nova capital, porém a dívida externa, contraída para esta obra, aumentou significativamente. A migração e o êxodo rural descontrolados fez aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do sudeste do país.
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