Além de causar profundas e constantes modificações na natureza, a sociedade moderna altera também o próprio espaço por ela criado. O espaço geográfico atual não pára de sofrer transformações, que normalmente são mais intensas nas grandes cidades do que no meio rural. Porém, por mais que demore, a zona rural sempre acaba se modernizando.
Quando falamos em modernização, geralmente nos referimos ao crescimento industrial. De fato, a atividade industrial é o motor do desenvolvimento da sociedade moderna. É a indústria que introduz os elementos que determinam as transformações mais profundas: as máquinas, a produção em série e em grandes quantidades, a concentração de pessoas numa mesma área, a fabricação de produtos artificiais, etc.
Mesmo nas áreas pouco ocupadas pelo homem (e que são cada vez mais raras), a natureza original é transformada pela atividade humana. É o que ocorre, por exemplo, nas poucas florestas virgens que ainda existem no planeta, que vêm sendo destruídas rapidamente, causando a extinção de numerosas espécies vegetais e animais.
Outro exemplo são as áreas periféricas das grandes cidades, que vão se distanciando cada vez mais do centro, à medida que a cidade cresce: essas áreas, antes pouco ocupadas e cobertas de vegetação, começam a ser povoadas, a receber asfalto, canalização de água, casas e edifícios que substituem a antiga paisagem.
As áreas já intensamente ocupadas também expandem-se, mas nesse caso para expandir é preciso destruir o que foi construído anteriormente. Todos os dias podemos observar inúmeros exemplos de transformações numa grande cidade: de uma hora para outra uma rua pacata torna-se uma avenida movimentada; um conjunto de pequenas casas é demolido para a construção de um hipermercado ou de um prédio de apartamentos, e assim por diante.
As transformações que ocorrem nos espaços urbanizados interferem muitas vezes negativamente na vida das pessoas que moram ali. Muitos acabam sendo obrigados a mudar de bairro: a valorização dos terrenos e dos imóveis leva essas pessoas a vender suas casas. Essa valorização se deve ao interesse das empresas construtoras, que passam a comprar os terrenos de determinada área, para ali erguerem edifícios. Assim, muitas residências são demolidas, cedendo lugar a prédios modernos.
Podemos dizer, portanto, que o espaço geográfico atual, além de ser o resultado da ação transformadora do homem sobre a natureza, é também produto da reconstrução permanente de toda a obra humana, de todas as paisagens criadas, tanto pela natureza como pelo homem: plantações, ruas, edifícios, barragens, etc.
O espaço geográfico é constantemente reconstruído pela atividade do homem. O antigo cede lugar ao moderno e este, depois de algum tempo, torna-se antigo, sendo também modificado.
Fonte: Geografia Crítica / O espaço social e o espaço brasileiro
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