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quinta-feira, 10 de março de 2011

GRAMÁTICA GERATIVO-TRANSFORMACIONAL

A GRAMÁTICA GERATIVO-TRANSFORMACIONAL Esta resenha tem como principal objetivo explicitar sobre a gramática gerativo-transformacional tendo como base CHOMSKY (1998); LUFT (2003); NEGRÃO, SCHER E VIOTTI (2003) visando elucidar alguns pontos principais desta teoria. A Teoria de Noam Chomsky é vista como um divisor de águas dentro da lingüística. Em 1957 ela viola o estruturalismo lingüístico que se via até então e dá novas bases para o estudo da linguagem. CHOMSKY (1998) acrescenta que a linguagem é “a verdadeira distinção entre o homem e o animal” e está ligada de forma crucial em todos os aspectos da vida, pensamento e interação humana. O autor diz que a linguagem envolve o “uso infinito de meios finitos”, falando que podemos formar inúmeras sentenças partindo de algumas poucas regras de sintaxe. Também salienta que temos biologicamente uma matriz inata que fornece uma estrutura na qual a língua se desenvolve, é a chamada gramática universal, uma tese inatista de que a capacidade de linguagem já nasce com o indivíduo e que este mesmo indivíduo consegue compreender a sintaxe da língua materna nos primeiros anos de vida sendo um “adulto” do ponto de vista lingüístico já aos 6 anos. Em Linguagem e Liberdade (2003), Celso Pedro Luft exclarece alguns pontos da teoria gerativista. Entre outros assuntos, explicita a noção de competência discursiva. Segundo ele, para Chomsky a competência é definida como a capacidade que todo o falante tem de produzir e compreender todas as frases da língua. Também diz respeito a todo um conhecimento que o falante tem da estrutura das frases que fazem parte da língua. Nessa perspectiva não importa o desempenho lingüístico, ou seja, o desempenho de falantes específicos em seus usos concretos, mas, a capacidade que todo o falante possui. Outro conceito declarado por Luft é o de gramática natural, que é a gramática aprendida quando desenvolvemos a linguagem, é uma gramática de fala, completa, flexível e variável. Em suas palavras: “esse sistema de regras que os falantes internalizam na infância é que constitui a verdadeira gramática da língua, a legítima, a autêntica, da qual todas as demais (livros, teorias de gramáticas, filólogos e lingüistas, etc.) não passam de reproduções.” Em outra ocasião afirma que: “A criança e o falante não escolarizado sabem tudo aquilo que precisam para falar em seu nível de comunicação. Apenas não conhecem os termos técnicos, os nomes daquilo que sabem.” Aqui, Luft critica a escola que com seu ensino gramaticalista forçou que se aprendesse de memória conceitos de análise sintática sem se dar conta de que o aluno já sabia sintaxe deixando assim de tratar de assuntos mais relevantes como leitura e produção de textos. Chomsky reuniu seu estudo de gramática na sintaxe que, conforme ele, é um nível autônomo, central para a explicação da linguagem. Mostrou que as análises sintáticas da frase feitas até então não eram adequadas, principalmente porque não diferenciavam o nível de estrutura de superfície e profunda. No nível da superfície muitos enunciados podem ser analisados de maneira idêntica, porém no nível profundo, no ponto de vista de seu significado subjacente as sentenças divergem. Nesse sentido, um dos objetivos da gramática gerativa era oferecer um meio de análise do nível profundo dos enunciados. Na visão de NEGRÃO, SCHER e VIOTTI (2003) a sintaxe abrange a competência lingüística do falante daí a importância de estudá-la. Em seu texto no livro Introduçãoà lingüística – princípios de análise os autores colocam “Imaginemos o léxico de nossa língua como uma espécie de dicionário mental (...) que utilizamos para construir nossas sentenças. Nossa competência nos permite ter intuições a respeito de como podemos dividir esse dicionário, agrupando itens lexicais de acordo com algumas propriedades gramaticais que eles compartilham”. Essa intuição lingüística é também o que nos faz categorizar itens léxicos em diferentes classes de palavras seguindo critérios semânticos, morfológicos e distribucionais. Para exemplificar esses critérios os autores exemplificam do seguinte modo: “podemos dizer que o falante reconhece que o item lexical “plongar” pertence à mesma categoria do item lexical “cantar” porque ambos possuem a propriedade de assumir formas variadas dependendo dos traços morfológicos de seus sujeitos, que, de maneira geral, são os elementos que antecedem os verbos.”. A teoria gerativo-transformacional de Chonsky foi muito importante, pois se mostrou contrária às idéias estruturalistas as quais diziam que a língua era aprendida através de imitação. Fez com que se enxergasse à língua sob uma outra perspectiva, perspectiva essa, muito mais voltada para o uso da linguagem do que para sua estrutura. No entanto, ORLANDI (1999) afirma uma deficiência da teoria com a qual estou de acordo. Chomsky sondou a competência lingüística e deixou de lado o desempenho. Trabalhou com o falante/ouvinte ideal e deixou de lado o real. Até que ponto os dados explorados são concretos, e se esses dados não são completos, até que ponto a teoria é tem pés fincados na realidade? Creio que contexto de situação, sociedade e história são relevantes sem sombra de dúvidas, para a utilização (e análise) da linguagem. O que permanece de melhor na teoria de Chomsky,na minha opinião, são as idéias de aquisição da linguagem, pois, se consideramos os alunos não como seres vazios de conhecimento e partirmos da aprendizagem de suas experiências anteriores, calcadas na realidade deles e objetivando aprimorar a linguagem e não o ato de decorar regras então, o ensino se tornará algo mais prazeroso e efetivo.

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