A janela bate, enquanto escrevo.
A rua lá fora parece ciente e quieta
do vento inconstante.
Compartilhamos do mesmo condado
e enfrentamos, a rua e eu,
as mordaças do domingo. . .
A palavra me aparece na porta da frente,
queixosa por um dente e uma dor enfiada nele.
As sobras que não descem pelo ralo,
o caroço de mim que pousa no estômago. . .
Machuquei um homem por legítima defesa.
Talvez eu acorde no meio da noite
aceitando mais paciente a dor, o dente
e sua raiz maltratada, sua polpa aos berros,
a palavra queixosa, agora de porta em porta.
Mas não sinto o garimpo das certezas.
Fiz um homem doer, baixar o rosto
e derreter o sol que apareceu quando me viu.
Ainda há o caroço especulando uma culatra pra sair.
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