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domingo, 27 de maio de 2012

EU LEVO OU DEIXO???

Constata-se aqui que o rebuscamento de linguagem, em alguns casos na comunicação com algumas pessoas, provoca incompreensão e/ou confunde o ouvinte/leitor.


Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.
Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus patos, disse-lhe:

Oh, bucéfalo anácrono!! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:
Dotô, resumindo. Eu levo ou deixo os pato ???



RUY BARBOSA



No dia 5 de novembro de 1849, nascia em Salvador, Bahia, um gênio brasileiro, Rui Barbosa. Filho de João Barbosa de Oliveira e Maria Adélia, Rui foi um menino que cresceu cercado por um imenso ambiente político, já que seu pai almejava cargos públicos e modificar o sistema precário de governo daquela época. Não é surpresa que o filho de João Barbosa também se encaminhasse para a carreira pública e de preocupação para com o seu povo. Iniciou seus estudos já mostrando sua imensurável inteligência. Um professor seu, publica nos jornais da época um anúncio que ainda hoje causa grande espanto em que o lê; Diz que é o seu melhor aluno em 30 anos de magistério: o menino aprende a ler e conjugar verbos corretamente em apenas 15 dias! Rui manteve-se nos estudos com grande afinco, lia literatura, clássicos portugueses e se envolvia também seu espírito nas teorias liberais da Europa. Desde já crescera no seu peito um espirito combativo, de convicções, adquirido num mundo inteiramente dedicado ao estudo, aos livros.
Em 1865 forma-se no Ginásio Baiano do Dr. Abílio Borges e faz um discurso de grande sucesso. Seu pai quase não se contem diante de tanta felicidade, e pergunta a seu amigo e diretor da escola Dr. Abílio, se tinha ajudado  Rui a escrever um discurso como aquele, e é surpreendido com a resposta: “Mas eu ia lhe perguntar a mesma coisa!”. Rui era colega nada mais nada menos do que Castro Alves o grande poeta dos escravos. Entretanto com certa razão posso afirmar que os dois não se davam muito bem. Um eclipsara o brilho do outro, é como muitos dizem: é raro dois gênios serem amigos íntimos. Como ainda não tinha idade para entrar numa faculdade, enquanto esperava passou um ano inteiro estudando alemão. No ano seguinte seguiu para recife.
Daí pra frente a carreira de Rui Barbosa quase sempre foi sucesso, escolhera a carreira de advogado e concluiu seu curso de direito em 28 de outubro de 1870. Sua mãe já havia morrido em 1866 e seu pai um pouco depois em 1874. Fica noivo e casa-se com Maria Augusta Viana de Bandeira em 1876. Neste mesmo ano Casa-se Brites sua irmã, ele Traduz e prefacia um livro chamado “O Papa e o Concílio” que é publicado no ano seguinte. Em 1878 ainda na Bahia, é eleito deputado provincial pelo partido liberal e no ano seguinte é eleito deputado geral e parte para o Rio de janeiro. Ainda em 1879 sua irmã Brites morre. Sua carreira é bem sucedida entre altos e baixos, entre a advocacia e o mundo político.  Em 1893 durante a revolta armada vê-se obrigado a exilar-se em Buenos Aires e depois em Londres, e em 1895 volta para o Brasil e é eleito para o senado. Em 1907 na Segunda Conferencia da Paz em Haia sua atuação é destacadíssima, é chamado de “Águia de Haia”. Em 1920 debilitado por doença escreve a famosa “Oração aos Moços” em decorrência de ter sido escolhido paraninfo dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo, que não pode ir. Em 1º de março de 1923 morre Rui Barbosa, seu corpo é embalsamado e trazido para o Rio de Janeiro. Seu enterro se dá no dia 3 de março.
Rui Barbosa foi um brasileiro de caráter exemplar. Lendo obras sobre ele e obras dele, observei que se empenhava ao máximo para aquilo que estava produzindo. Desde menino seu talento era incrivelmente notado. Sua história ficou pra ser seguida. Não há como não notar um talento jurídico, político, humano e etc. brilhantemente superior. Não é atoa que o nome de Rui ainda hoje é pronunciado no Supremo Tribunal Federal. Sua vida foi marcada pelo estudo constante. Era um Leitor voraz, sua rotina diária era dividia entre seu trabalho, seu estudo, e o cuidado de suas roseiras a quem tanto apreciava. Vivia comprando livros, encomendando obras novíssimas da europa, insignou novos pensamentos democráticos, lutou pela liberdade dos escravos, defendeu homens de um poder autoritário, entre vários fatos notáveis na vida do grande gênio brasileiro. A sua participação para a democratização no país foi de grande importância para o nosso povo.

CRÍTICAS A RUI BARBOSA:
            Não posso deixar de afirmar que sou um admirador da obra desse brilhante baiano em toda a sua conjuntura. Contudo não poderia me eximir do dever de relatar algumas criticas que foram feitas ao mestre. Em um discurso do grande baiano ele critica o homem caipira (o camponês) de ser a causa do atraso do nosso país. Vemos que o ser humano é falho, sobre isso não há a menor duvida. Nessa considerada falha do orador, um poeta cearense, Catulo da Paixão, critica rui na forma de um poema trajando-se de caipira. 
            Uma outra crítica quase que desconhecida por muitos, é antagonista em relação pelo que Rui é conhecido hoje: Rui não era um orador para ser ouvido. Silveira Bueno, um grande Filólogo, estudioso brasileiro fala com propriedade sobre a forma de Rui discursar, pois segundo Silveira, ele mesmo assistiu presencialmente três apresentações de Rui Barbosa: "Qual é a melhor voz para um orador? É o barítono, que pode subir até o tenor e descer ao baixo profundo. Rui Barbosa não tinha essa inflexão de voz. Quando ele começava ler, porque nunca fez outra coisa senão ler, falava num tom uma oitava acima do normal em que ele se expressava, e durante duas, três horas martelava com aquela voz de tenorino batendo nos ouvidos da gente, tan, tan, tan, tan, tan, sem nenhuma inflexão de voz, sem nenhum gesto, nada, era de matar, era de morrer.
Se ele viesse para este curso, seria reprovado. Rui Barbosa era um orador para ser lido, não escutado ou ouvido. O que ele escrevia era uma maravilha, ninguém escreveu melhor que Rui Barbosa, somente o Padre Vieira, que foi o professor dele, mas para ouvi-lo era uma penitência" (Revelações curiosas sobre a oratória de Rui Barbosa, site de Reinaldo  Polito http://polito.com.br.
Causos sobre Rui Barbosa:

Diz que o Rui Barbosa, ao chegar em sua casa, ouviu um esquisito barulho vindo do seu quintal.

Chegando lá, constatou que havia um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo, surpreendendo-o tentando pular o muro com seus amados patos. Batendo nas costas do tal invasor, disse-lhe:

- Ô bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmíferes e sim pelo ato vil e sorrateiro de galgares as profanas de minha residência.

Se fazes isso por necessidade, transito; mas se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que reduzir-te-à à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada."
E então o ladrão disse:
- Ô Doutor, levo ou deixo os patos?

Outra História sobre Rui, diz que ele não gostava de futebol e em 1916, Ruy Barbosa foi convidado para participar das festas comemorativas do Centenário de Tucuman, na Argentina. Quando foi embarcar no navio que levaria a ele e toda sua família, reparou que também estava embarcando a delegação brasileira que iria disputar o Campeonato Sul-americano de Futebol.

Ao que contam os historiadores, Ruy Barbosa foi tomado por um acesso de ódio e discursou:

- Não, absolutamente, não! Então vocês pensam que vou consentir que vagabundos, malandros, desocupados, “pateadores” de bola viajem no mesmo navio em que vou levando minha esposa, meus filhos, meus genros, minhas noras, meus auxiliares, meus serviçais? Não, absolutamente, não!”.

(Fontes:Rubens Ribeiro – pesquisador)

Frases e Pensamentos de Rui Barbosa:
- De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
- Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 211).
- Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela supertição, a realidade pelo ídolo. (Rui Barbosa – O Partido Republicanos Conservador, 61).
- A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos. (Rui Barbosa – A Ditadura de 1893, IV-207).
-" Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado ! " (Rui Barbosa)
- O homem, reconciliando-se com a fé, que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si mesmo. (Rui Barbosa – A Grande Guerra, 12).
- O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices. (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da Verdade, 9).
- Em cada processo, com o escritor, comparece a juízo a própria liberdade. (Rui Barbosa – A Imprensa, III, 111).
- Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional. (Rui Barbosa – A Revogação da Neutralidade Brasileira, 33).
- A existência do elemento servil é a maior das abominações. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 28).
- Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro. (Rui Barbosa – Colunas de Fogo, 79).
- Na paz ou na guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. (Rui Barbosa – Contra o militarismo, 1.° série, 131)..
- O espírito da fidelidade e da honra vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança assentaram o seu reservatório sagrado. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 226).
- Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 263).
- A soberania da força não pode ter limites senão na força. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 377).
- O exército não é um órgão da soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa nacional. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 138).
- Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania nacional pela soberania da espada. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 143).
- Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível. (Rui Barbosa – Elogios e Orações, 161).
- Os que ousam ser leais à sua fé, são cobertos até de ridículo. (Rui Barbosa – Novos Disc. E Conf., 194).
- A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota. (Rui Barbosa – Novos Discursos e Conferências, 317).
- Outrora se amilhavam asnos, porcos e galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se amilham escritores. (Rui Barbosa e dever da Verdade, 23).
- A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.
(Rui Barbosa - D. e conferências, 382)
- A acusação é sempre um infortúnio enquanto não verificada pela prova.
(Rui Barbosa - Novos discursos e confissões, 112)
- Criaturas que nasceram para ser devoradas, não aprendem a deixar-se devorar.
(Rui Barbosa - Elogios e orações, 262)
- Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.
(Rui Barbosa - Coletânea jurídica, 35)
- Sem o senso moral, a audácia é a alavanca das grandes aventuras.
(Rui Barbosa - Colunas de Fogo, 65)
- Quanto maior o bem , maior o mal que da sua inversão procede.
(Rui Barbosa - A Imprensa e o Dever Da Verdade)
- É preciso ser forte e conseqüente no bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
(Rui Barbosa - Ditadura e República, 45)
- Só o bem neste mundo é durável, e o bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade e do direito, da inteligência e do progresso.
(Rui Barbosa - O Partido Republicano Conservador, 46)
- A eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
(Rui Barbosa - Discursos e Conferências)
- No culto dos grandes homens não pode entrar a adulação.
(Rui Barbosa - E. Eleitoral aos E. de Bahia e Minas, 120)
- O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.
(Rui Barbosa - Plataforma de 1910, 37).
(Frases e pensamentos retirados da edição do site:



Fotografias de Rui Barbosa:



 (Rui Barbosa na Livraria Briguiet)



 (A caminho da homenagem pela posse no IAB Rui com parentes e amigos deixa a casa da rua são clemente)


 (Rui com autoridades da época)

Rui

(Rui na sua biblioteca)







MAQUETE DA CASA DE RUI BARBOSA


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