Pages

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DATA VENIA

É do estreito vão da janela que a pequena
cessa de cantarolar
que alguma coisa era de vidro e se quebrou
E dentro de alguns desencantos,
um passarinho enfurnado na gaiola
canta ofegante a prisão de um tempo,
enquanto o mundo afirma seus poderes
de grandeza do lado de fora.

O homem que foi retratista numa terra
de ninguém engoliu seu mar perfeito, quadradinho...
Eu penso em versos tão tristes...
Serão eles exraizados
daqueles atalhos das voltas que o mundo dá?

A vida calada nas coisas por um verso bendito,
me distrai, mas também indagador e atrevido:

Até onde posso de mim?
Terei eu algum dia um lugar na prateleira
do mundo?

Pois que num recanto de primeiro andar
um caroço se aninha na fruta,
em estado de miolo, abraçado, vivo.
Com uma vontade a sovar o pão de livro
no aguardo de uma próxima fornalha.

Marta Eugênia

Nenhum comentário:

Postar um comentário