Ela simplesmente não tinha nome...
Os homens sabiam apenas de uma luz,
Da existência de uma grande luz que chamaram de “sol”...
E àquilo que o sol iluminava, chamaram “dia”,
Mas depois que se abatia sobre eles a escuridão,
Eles simplesmente a temiam e, indefesos, dormiam...
Até que, um dia, alguém enfrentou as trevas,
(ninguém sabe bem ao certo quem),
E resolveu ficar para além da luz do dia...
Ele queria desvendar aquele mistério tão temido...
Resolveu tomar coragem e esperou...
Ao deitar do sol, quando finalmente o dia se rompeu,
Ele percebeu que lá, bem ao longe, existia outra luz,
Uma bela luz que, ao contrário do sol,
Permitia-se olhar, incansavelmente,
E que, à medida que a escuridão tomava conta do céu
E se alastrava firmamento afora,
Esta luz se tornava cada vez mais especial e mais rara...
E percebeu então que aquela, ora tão temida pelos outros
Já não assustava tanto: ele estava desbravando o desconhecido!
Descobriu também que aquela luz maior
Não era a única: existiam também outras,
Que incrustavam o firmamento,
Parecendo gotas de cristal num pedaço de cetim...
E foi então e somente então que ele viu
Que aquela que era “treva”, precisava de um nome,
Mas de um outro nome, que estivesse à altura de sua beleza...
E, por que ela já não o assustasse,
Preferiu aproveitar aquele momento mágico, único,
O qual nunca ninguém tivera a coragem de descobrir...
Foi daí que, extasiado e emergido em tamanho primor,
Brotaram em seu coração as mais lindas odes em poemas de amor...
À luz maior, ele deu o nome de “lua”...
Às menores, às que pareciam cristais, chamou-as de “estrelas”...
Porém, àquela que servia de palco para o seu brilho
Ainda não possuía um nome...
Então, num estalo, ele fez a maior de todas as descobertas:
O nome dela sempre existiu, sempre esteve lá!
Bastava que, apenas, alguém tivesse a coragem
De desvendar o que estava além da escuridão...
O seu nome esteve estampado sempre
No infinito, através daquelas luzes nunca vistas,
Daquela imensidão nunca admirada:
Daquele medo jamais enfrentado.
O seu nome, o próprio Criador já o havia dado:
E seu nome era NOITE!
Francis Batista, 22 de setembro de 2010,
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