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Toda a grande arte pode ser qualificada de vanguarda. Até o Renascimento (a besta negra dos vanguardistas) foi uma expressão da vanguarda. O que é vanguarda hoje torna-se um clássico amanhã. Todavia, adotado tal preceito, perde-se a especificidade do movimento da vanguarda. Assim sendo, atendo-se a uma súmula da exposição de Sebreli, temos que entre as características gerais do Movimento de Vanguarda dos nossos dias está:
01
A busca deliberada pela originalidade, por si mesma, propõe-se aprioristicamente sempre fazer algo novo, inédito, inusitado, jamais visto, o novo por si.
A busca deliberada pela originalidade, por si mesma, propõe-se aprioristicamente sempre fazer algo novo, inédito, inusitado, jamais visto, o novo por si.
02
O cultivo da forma nova, original, sendo indiferente ao conteúdo. Não é o quê o que interessa e sim o como. Por igual reduz a importância da qualidade desde que seja uma novidade.
O cultivo da forma nova, original, sendo indiferente ao conteúdo. Não é o quê o que interessa e sim o como. Por igual reduz a importância da qualidade desde que seja uma novidade.
03
A troca do dogma. A substituição do dogma acadêmico deu-se pela do dogma vanguardista. Quem não cumpre seus compromissos com a novidade é tido como obsoleto.
A troca do dogma. A substituição do dogma acadêmico deu-se pela do dogma vanguardista. Quem não cumpre seus compromissos com a novidade é tido como obsoleto.
04
A procura de uma outra estética. Não se trata mais de combater as forças reacionárias, mas sim de tornar-se "um gênero em si mesmo", um estilo em si.
A procura de uma outra estética. Não se trata mais de combater as forças reacionárias, mas sim de tornar-se "um gênero em si mesmo", um estilo em si.
05
A sua incompreensibilidade. O seu vinculo com a obsessiva busca da originalidade absoluta, de realizar algo inaudito, jamais visto ou pensado, algo que rompa totalmente com as convenções, com os códigos e cânones e as regras gerais oriundas de conhecimentos anteriores, faz com que a vanguarda renuncie a comunicação com o público.
A sua incompreensibilidade. O seu vinculo com a obsessiva busca da originalidade absoluta, de realizar algo inaudito, jamais visto ou pensado, algo que rompa totalmente com as convenções, com os códigos e cânones e as regras gerais oriundas de conhecimentos anteriores, faz com que a vanguarda renuncie a comunicação com o público.
06
O seu elitismo e esoterismo. Encontra-se presa entre o desejo de comunicar-se com o público ao tempo em que se propõe romper com os códigos de comunicação. É uma arte solipsista, voltada exclusivamente para o seu criador, o artista, o único capaz de realmente entendê-la.
O seu elitismo e esoterismo. Encontra-se presa entre o desejo de comunicar-se com o público ao tempo em que se propõe romper com os códigos de comunicação. É uma arte solipsista, voltada exclusivamente para o seu criador, o artista, o único capaz de realmente entendê-la.
07
O desconcerto do público. Isto é o que resulta do propósito dela. A originalidade absoluta termina por desconectar o público (que não tem conhecimento para assimilar o inaudito devido à falta de quaisquer referências anteriores)
O desconcerto do público. Isto é o que resulta do propósito dela. A originalidade absoluta termina por desconectar o público (que não tem conhecimento para assimilar o inaudito devido à falta de quaisquer referências anteriores)
08
A sua incompreensão. A arte de vanguarda veio para ficar e jamais será entendida. Ela, a incompreensão, é conscientemente eleita e destinada a permanecer como característica intrínseca do objeto artístico a ser exposto. A obscuridade é definitiva, não se trata do não-desejado senão que sua condição absoluta.
A sua incompreensão. A arte de vanguarda veio para ficar e jamais será entendida. Ela, a incompreensão, é conscientemente eleita e destinada a permanecer como característica intrínseca do objeto artístico a ser exposto. A obscuridade é definitiva, não se trata do não-desejado senão que sua condição absoluta.
09
O apelo aos sentidos. Somente o sentimento, intuição e simpatia, podem captar o sentido da obra. A vanguarda despreza quem pretende a racionalmente entender o que é profundo. A estética que lhe é peculiar é o hermetismo. A vanguarda gosta de promover a revivicação do hermetismo, se identificando assim com o Maneirismo e com os escritos de Góngora (poeta simbolista da Espanha do século XVI-XVII).
O apelo aos sentidos. Somente o sentimento, intuição e simpatia, podem captar o sentido da obra. A vanguarda despreza quem pretende a racionalmente entender o que é profundo. A estética que lhe é peculiar é o hermetismo. A vanguarda gosta de promover a revivicação do hermetismo, se identificando assim com o Maneirismo e com os escritos de Góngora (poeta simbolista da Espanha do século XVI-XVII).
10
A transgressão aparente. A rebeldia formal não é manifestação de inconformismo visto que os artistas da vanguarda aderiram aos regimes totalitários (nazi-fascista e stalinista). A irreverência no campo formal (abandono do figurativismo em favor do abstracionismo, por exemplo, ou qualquer outro "ismo") não tem seu equivalente no questionamento da ordem autoritária imposta pelos ditadores do século XX. A liberdade que o artista reclama para si não é estendida ao coletivo.
A transgressão aparente. A rebeldia formal não é manifestação de inconformismo visto que os artistas da vanguarda aderiram aos regimes totalitários (nazi-fascista e stalinista). A irreverência no campo formal (abandono do figurativismo em favor do abstracionismo, por exemplo, ou qualquer outro "ismo") não tem seu equivalente no questionamento da ordem autoritária imposta pelos ditadores do século XX. A liberdade que o artista reclama para si não é estendida ao coletivo.
11
A impopularidade. Opera-se então uma curiosa dialética: a arte de vanguarda não é só impopular como deve ser antipopular (Ortega y Gasset "La deshumanizacion de la arte", 1925).
A impopularidade. Opera-se então uma curiosa dialética: a arte de vanguarda não é só impopular como deve ser antipopular (Ortega y Gasset "La deshumanizacion de la arte", 1925).
12
O caráter enigmático e enfadonho. Ela é não somente obscura como chata. A obra de arte de vanguarda deve aborrecer, tendo em vista que o entretenimento é desqualificado como algo superficial ou vulgar. As obras, deste modo, não só são tediosas como devem sê-lo.
O caráter enigmático e enfadonho. Ela é não somente obscura como chata. A obra de arte de vanguarda deve aborrecer, tendo em vista que o entretenimento é desqualificado como algo superficial ou vulgar. As obras, deste modo, não só são tediosas como devem sê-lo.
13
A visão equivocada do que é grandioso. A incompreensão é a grandeza da arte.A vanguarda extrai a falsa conclusão de que a ininteligibilidade é inerente a grande obra de arte visto a chatice ser uma das suas qualidades. O público deve preparar-se para enfrentar esse tédio, deve resignar-se estoicamente a não encontrar nenhum prazer na experiência estética.
A visão equivocada do que é grandioso. A incompreensão é a grandeza da arte.A vanguarda extrai a falsa conclusão de que a ininteligibilidade é inerente a grande obra de arte visto a chatice ser uma das suas qualidades. O público deve preparar-se para enfrentar esse tédio, deve resignar-se estoicamente a não encontrar nenhum prazer na experiência estética.
14
É estigmatizante com quem não a aprova. A infamação é lançada contra os críticos que não comungam com as vanguardas. Sobre eles desabam ofensas. Classificam-nos de conservadores, quando não de reacionários, antiquados e obsoletos, presos a um mundo arcaico que não se conforma com a superação do acadêmico ou do clássico.
É estigmatizante com quem não a aprova. A infamação é lançada contra os críticos que não comungam com as vanguardas. Sobre eles desabam ofensas. Classificam-nos de conservadores, quando não de reacionários, antiquados e obsoletos, presos a um mundo arcaico que não se conforma com a superação do acadêmico ou do clássico.
15
A soberba do artista advém da consciência dele em fazer parte de uma ordem exclusiva. Decorre do sentimento de superioridade frente a alguém que confessa o seu enfado ao ver uma exposição vanguardista, ou que se atreve a dizer que o rei está nu. O artista entende-se como um integrante de uma sociedade secreta, uma loja esotérica cujos mistérios de iniciação só ele domina. Como exemplos de grande aborrecimento têm-se os filmes "Hurlements em faveur de Sade", de 1952, do diretor Guy Debord; "Supremos artifícios da avant-garde" e "Empire", de Andy Warhol; e também "Jalousie" de Alain Robbe-Grilett, de 1957, entre tantos outros suplícios.
A soberba do artista advém da consciência dele em fazer parte de uma ordem exclusiva. Decorre do sentimento de superioridade frente a alguém que confessa o seu enfado ao ver uma exposição vanguardista, ou que se atreve a dizer que o rei está nu. O artista entende-se como um integrante de uma sociedade secreta, uma loja esotérica cujos mistérios de iniciação só ele domina. Como exemplos de grande aborrecimento têm-se os filmes "Hurlements em faveur de Sade", de 1952, do diretor Guy Debord; "Supremos artifícios da avant-garde" e "Empire", de Andy Warhol; e também "Jalousie" de Alain Robbe-Grilett, de 1957, entre tantos outros suplícios.
16
O afloramento de um novo sacerdócio, de um outro profetismo. A vanguarda provocou a proeminência do crítico literário ou de arte que atua como timoneiro estético. Idêntica situação do que ocorreu no passado com os críticos da época do romantismo alemão, quando Schlegel reclamou a posição de profeta frente ao mundo literário da sua época. O mesmo se dá agora na medida em que o crítico assume o papel de sacerdote órfico., interpretando para os iniciados e para o público em geral qual o verdadeiro significado das formas ou impressões esotéricas contidas nos intentos da vanguarda.
O afloramento de um novo sacerdócio, de um outro profetismo. A vanguarda provocou a proeminência do crítico literário ou de arte que atua como timoneiro estético. Idêntica situação do que ocorreu no passado com os críticos da época do romantismo alemão, quando Schlegel reclamou a posição de profeta frente ao mundo literário da sua época. O mesmo se dá agora na medida em que o crítico assume o papel de sacerdote órfico., interpretando para os iniciados e para o público em geral qual o verdadeiro significado das formas ou impressões esotéricas contidas nos intentos da vanguarda.
17
Os novos pensadores, os filósofos modernos, os críticos e os teóricos, vêem-se como grandes pensadores do nosso tempo. Sentem-se filósofos senão profetas, quase que fundadores de religião e reformadores sociais (formalistas russos, Roland Barthes [na gravura], Maurice Blanchot, Julia Kristeva, etc...), para os quais tudo pode ser reduzido ao literário, ou melhor, ao lingüístico. Para eles a teoria é bem mais importante do que a obra o que leva ao total abandono do gosto do prazer estético, tido pelos vanguardistas como algo hedonístico desdenhado por eles.
Os novos pensadores, os filósofos modernos, os críticos e os teóricos, vêem-se como grandes pensadores do nosso tempo. Sentem-se filósofos senão profetas, quase que fundadores de religião e reformadores sociais (formalistas russos, Roland Barthes [na gravura], Maurice Blanchot, Julia Kristeva, etc...), para os quais tudo pode ser reduzido ao literário, ou melhor, ao lingüístico. Para eles a teoria é bem mais importante do que a obra o que leva ao total abandono do gosto do prazer estético, tido pelos vanguardistas como algo hedonístico desdenhado por eles.
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