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domingo, 27 de março de 2011

JOSÉ SARAMAGO

JOSÉ SARAMAGO


José Saramago - filho e neto de camponeses - nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, ao sul de Portugal, no dia 16 de novembro de 1922, ainda que os registros oficiais mencionem como data de nascimento o dia 18.
Seus pais mudaram para a capital, Lisboa, quando Saramago ainda não havia completado dois anos. Portanto, a maior parte da sua vida decorreu nessa que é uma das mais importantes cidades europeias, embora até o início da idade adulta passasse períodos numerosos e prolongados em sua aldeia natal.
Autodidata, chegou a fazer estudos secundários que, por dificuldades econômicas, não prosseguiu. Seu primeiro emprego foi como serralheiro, tendo exercido depois diversas profissões: desenhista, funcionário da saúde e da previdência social e tradutor.
Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado, só voltando a publicar (um livro de poemas) em 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu as funções de gerente de produção e editor de literatura. Também foi crítico literário da revista Seara Nova.
Em 1972 e 1973 fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentarista político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural desse vespertino.
Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor. Saramago também participou da primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores.
Prêmio Nobel de Literatura
Saramago era um autor prolífico. Além de romances, publicou diários, contos, peças teatrais, crônicas e poemas. Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão. Outro romance, Memorial do Convento repetiria, dois anos depois, o mesmo sucesso.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde viveu até sua morte.
Primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, Saramago foi considerado, pelo crítico Harold Bloom, como "o escritor de romances mais dotado de talento dos que seguem com vida, um dos últimos titãs de um gênero em vias de extinção".
Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995, adaptado para o cinema pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles), Todos os Nomes (1997) e O Homem Duplicado (2002). Deve-se citar também a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).
Em janeiro de 2010, Saramago relançou o livro A Jangada de Pedra, que teve toda a renda da edição revertida para as vítimas do terremoto no Haiti.
Casado com a jornalista espanhola Pilar Del Rio em segundas núpcias, Saramago deixou uma filha (do primeiro casamento) e dois netos. "Comunista hormonal", como ele mesmo se classificou, Saramago faleceu aos 87 anos.
Folha de S. Paulo; El País






RESUMO/RESENHA DO LIVRO E DO FILME


Ensaio sobre a Cegueira é um texto literário que narra a história de uma pandemia inédita – a cegueira branca – através de um dos muitos grupos de pessoas que por ela são contagiados. Quando a doença se manifesta num homem e se propaga a todas as pessoas com quem contactou num curto espaço de tempo, o Governo decide isolar os pacientes num manicómio fora de uso, mas cedo se verifica que o poder de contágio supera todas as medidas preventivas que possam tomar. É através dos olhos da única pessoa imune à cegueira, a mulher de um oftalmologista, que vemos o cenário de degradação, tanto física como psicológica, em que a história dos habitantes do hospital se desenrola. Dentro do manicómio, a comida rareia, graças a um abastecimento deficiente efectuado por soldados aterrorizados e à crescente sobrelotação do local. O asseio torna-se impossível, e das condições precárias de vida emergem atitudes de grande violência e egoísmo. Quando a cegueira atinge proporções gigantescas no mundo exterior ao manicómio, a mulher do oftalmologista conduz o seu pequeno grupo de cegos para fora do hospital, através de uma cidade que desconhecem, povoada de imundície e de um salve-se-quem-puder global, em busca de mantimentos que parecem ter desaparecido com a visão. Depois de passar pelas casas dos companheiros em busca de familiares sobreviventes à cegueira, a mulher do oftalmologista leva o grupo para a sua casa, onde passam os dias e as noites acalentando a esperança de uma cura que lhes parece cada vez mais distante. É numa dessas noites que o primeiro cego lança um grito de alegria e anuncia aos seus companheiros que recuperou a visão. Um a um, e pela mesma ordem em que foram contagiados, os cegos voltam a ver.




Ensaio Sobre a Cegueira, é um dos livros mais comentados dos últimos anos, tendo inclusive uma versão cinematográfica do diretor Fernando Meirelles.

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.

Este livro é a fantasia de um autor que nos faz lembrar “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.

Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, o autor nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: “uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”.
















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